A atração de novas empresas para a região Nordeste pode ser feita de outras maneiras. A remoção dos incentivos fiscais com a reforma tributária não significa que não existem outros caminhos para o desenvolvimento e novas estratégias podem ser adotadas. Considero aqui algumas sugestões para serem analisadas com o objetivo definir ações que possam neutralizar as forças econômicas que puxam o desenvolvimento para as regiões mais ricas, de menor risco para os negócios, de maior mercado consumidor, menor tempo de maturação, maior oferta de mão de obra especializada e de atratividade aparentemente insuperável.
Em primeiro lugar, coloco a melhoria da infraestrutura de transporte, logística, e telecomunicações tornando a região mais atrativa para empresas. Alguns projetos importantes se arrastam através dos tempos como construção de ferrovias (Fiol e Transnordestina), construção de portos (Porto Sul e ampliação do Porto de Aratu), a duplicação de rodovias (BRs 101 e 116), a implantação de refinarias (RNEST, Premium I e II). Outros projetos importantes estão sendo esquecidos como a ligação bioceânica da Fiol ao Peru, o projeto para melhorar a navegação do Rio São Francisco, e as explorações de petróleo e gás natural da Bacia Alagoas-Sergipe e aplicação da técnica de hidrofraturamento, proibida na Bahia mas usada com grande êxito nos Estados Unidos, Canadá, China, Rússia e Argentina.
Em segundo, investir em educação e capacitação profissional pode preparar a mão de obra local para atender às demandas das empresas, aumentando a competitividade da região. A operação de complexas plantas industriais em Camaçari é uma demonstração de que com a educação se pode transformar as pessoas. Louvor para a Fieb que implantou ensino técnico e universidade no Senai-Cimatec, reduzindo o déficit com a formação de profissionais.
Fomentar parques tecnológicos e incubadoras de startups para atrair empresas inovadoras. Oferecer suporte a pesquisas, desenvolvimento e inovação pode incentivar a instalação de empresas de tecnologia. Projetos semelhantes ao Cimatec Park, com o surgimento de escritórios de projetos automobilísticos, fabricação de biocombustíveis em grande escala e hidrogênio verde, é exemplo ímpar de renovação da indústria e devem ser fortemente apoiados.
A simplificação de processos burocráticos e melhoria do ambiente de negócios através da garantia de maior previsibilidade regulatória pode ajudar a tornar o Nordeste mais atrativo para investidores, como também o estabelecimento de Parcerias Público-Privadas (PPPs), estimulando ações conjuntas entre o governo e o setor privado para projetos de desenvolvimento, pode ser uma maneira eficaz de alavancar recursos e expertise.
Outra ideia é da promoção de indústrias, focando na criação e adensamento de cadeias produtivas locais de modo a atrair empresas que buscam fornecedores e mercados estratégicos. A ideia de fincar diretrizes na integração, interiorização e internacionalização são importantes na atração desses novos investimentos.
Buscar a atração de investimentos estrangeiros através da participação de feiras internacionais e promoção da região em fóruns de negócios, pode aumentar a visibilidade e atratividade para investidores estrangeiros. São amplas as possibilidades na área de exploração mineral, muitas desconhecidas das grandes empresas estrangeiras que atuam no setor.
Embora mais difícil, mas não impossível, é sempre viável a criação de incentivos não fiscais, considerando iniciativas como apoio à pesquisa, redução de taxas administrativas ou facilitação de licenças. Também investir em projetos que promovam a sustentabilidade pode atrair empresas que buscam alinhar suas operações a práticas ambientalmente responsáveis. Por fim, mas sem esgotar o assunto, trabalhar para melhorar a qualidade de vida na região, com foco em segurança, saúde e lazer, pode tornar o ambiente mais convidativo para talentos e suas famílias.
Adotar uma combinação dessas estratégias pode ajudar a manter o Nordeste atrativo para empresas. Está aí um tema para ser debatido no Consórcio Nordeste para que a região que abriga 28% da população brasileira e necessita ultrapassar o histórico nível de 13% de participação na formação do PIB brasileiro.
Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]