O aumento das interrupções na geração de energia eólica e solar tem causado disputa no setor e pode impactar a conta de luz. Em dezembro de 2024, os cortes atingiram 17,8% da geração solar e 9,8% da eólica, segundo o Itaú BBA. Em setembro, o pico foi de 20,6% para solar e 15,5% para eólica.
O problema ocorre quando a geração supera a demanda ou falta capacidade de transmissão. As empresas afetadas são ressarcidas apenas no segundo caso, mas pressionam por ampliação das regras. O apagão de 2023 no Ceará intensificou os cortes e levou à judicialização do tema.
Os estados mais impactados são Ceará (15%) e Rio Grande do Norte (14%) na eólica, e Minas Gerais (21%) e Bahia (20%) na solar. O professor Ivan Camargo alerta que “esses cortes dão um prejuízo muito grande” e podem recair sobre os consumidores.
Setores afetados dizem que os ressarcimentos caíram drasticamente em 2024, prejudicando investimentos. “Temos cortes de até 80% em algumas usinas, o que é fatal para o empreendimento”, diz Talita Porto, da Absolar.
Francisco Silva, da ABEEólica, critica os subsídios à geração distribuída, afirmando que criaram excesso de oferta. Já a ABGD rebate e culpa a falta de planejamento e infraestrutura: “É uma disputa de mercado em que tentam jogar a conta para os consumidores”.
O governo busca equilíbrio e culpa atrasos em obras de transmissão do governo anterior. Para Thiago Prado, da EPE, a solução passa por modernização do sistema e maior flexibilidade, incluindo o uso de baterias e usinas reversíveis.
Já a ABGD nega que esse modelo tenha relação com os cortes e critica a falta de planejamento. O governo busca equilíbrio entre ressarcimentos e custo da energia, atribuindo parte do problema ao atraso nas obras de transmissão. Para Thiago Prado, da EPE, a modernização do sistema e o uso de tecnologias como baterias podem ajudar:
“A gente pode até adotar baterias. Tem as usinas hidrelétricas reversíveis, o que seria basicamente utilizar os reservatórios como uma forma de bateria.”
Foto: Divulgação/Ari Versiani/PAC
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