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PÚBLICO LOTA JORNADA ACADÊMICA REALIZADA PELO INSTITUTO CERVANTES E EMBAIXADA DA ESPANHA

João Paulo - 18/02/2025 12:32

Um auditório lotado, na manhã da última segunda-feira (17), marcou a jornada acadêmica em homenagem aos 400 anos de vínculo entre Brasil e Espanha, realizada pelo Instituto Cervantes Salvador em parceria com a Embaixada da Espanha. O evento aconteceu no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), com o tema “Salvador da Bahia e seu “sítio e empresa” de 1625. Passado e presente dos laços hispano-brasileiros quatro séculos depois”. Na ocasião, pesquisadores e professores dos dois países revisitaram a passagem histórica, ocorrida há quatro séculos, na qual a frota de guerra hispano-portuguesa retomou dos holandeses o domínio de Salvador, então capital do Brasil.

“Foi a maior frota de guerra que até então havia cruzado o oceano Atlântico”, conta o catedrático de História Moderna da Universidade Carlos III de Madrid, David García Hernán, sobre os esforços de Portugal, à época aliada da Espanha, para a expulsão dos holandeses da Bahia. Nas contas do pesquisador, foram enviados a Salvador 52 navios e mais de 12.500 soldados, entre portugueses e espanhóis, sob o comando de Dom Fadrique de Toledo Osorio, I Marquês de Valdueza. “Uma empreitada bastante onerosa e arriscada para a época”, afirma.

Mas, o risco era necessário, como explica o professor de História da América da Universidade de Salamanca, José Manuel Santos Pérez. Além de permitir a recuperação do controle da produção açucareira e da economia da colônia, a expulsão dos holandeses de Salvador era uma demonstração de força e poderio tanto de Portugal, quanto da Monarquia da Espanha – que restituía a capital da colônia ao país amigo. Havia também a simbologia religiosa do século XVII, já que os holandeses tinham passado pela reforma protestante e se tornado calvinistas. “O sucesso da empreitada repercutiu em toda a Europa católica”, revela o pesquisador.

A descoberta recente de uma pintura da época retratando a passagem histórica permitiu o acesso a novas informações. Os espanhois encontraram uma grande tela, retratando múltiplos aspectos desses acontecimentos e a imagem de Salvador, com todos os seus edifícios e fortificações. “Diferentemente de um retrato, uma pintura conta uma sucessão de fatos, não captando apenas um momento. Então, esse quadro conta muito sobre o que foi aquele período histórico”, esclarece o professor da Universidade de La Laguna, Carlos J. Castro Brunetto, para quem a retomada de Salvador em 1625 foi um marco zero na história do Brasil.

Para a diretora do Instituto Cervantes Salvador, Rosa Sánchez-Cascado, a jornada acadêmica foi uma excelente oportunidade de aprofundamento sobre a relação histórica entre o Brasil e a Espanha. “Um evento que possibilitou aos participantes acessarem o que há de mais atual nas pesquisas sobre o vínculo dos dois países, permitindo o acesso a pesquisadores vindos para o Brasil exclusivamente para a ocasião”, comemora Rosa.

Estiveram presentes autoridades da Embaixada da Espanha, como o cônsul geral Ignacio Pérez-Cambra, o ministro conselheiro Juan José Escobar, o conselheiro cultural José Miguel De Lara e o conselheiro de Defesa Ramón Liaño. Além deles, o comandante do navio-escola espanhol Juan Sebastián de Elcano, Luis Carreras-Presas, e o Almirante Kerr, da Marinha Brasileira.

Sobre o Instituto Cervantes

O Instituto Cervantes é uma instituição criada pelo Governo da Espanha em 1991 para promover, ensinar espanhol e divulgar a cultura da Espanha e dos países hispanofalantes ao redor do mundo. Está presente nos cinco continentes com cerca de 90 centros, e a sede localizada em Salvador forma parte desta importante aposta da instituição para o ensino do espanhol no Brasil, país que atualmente possui o maior número de centros da rede.

Crédito da foto: Alex Salom

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