A privatização da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), atual Refinaria de Mataripe, continua impactando negativamente o bolso dos baianos. A diferença no preço do gás de cozinha (GLP) entre a Acelen e a Petrobrás atingiu seu maior patamar desde a venda da refinaria, em dezembro de 2021.
Com o reajuste aplicado pela Acelen em 1º de fevereiro, o botijão de 13 kg de GLP chega a custar R$ 60,85, enquanto a Petrobrás cobra R$ 34,70 pelo mesmo produto. Isso representa uma diferença alarmante de 75%.
As informações são do economista Eric Gil Dantas, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (IBEPS) e da Associação dos Engenheiros da Petrobrás da Bahia (AEPET-BA).
Os preços praticados entre as duas empresas eram semelhantes logo após a privatização, mas a discrepância vem crescendo desde outubro de 2023. “A partir de dezembro desse ano, essa diferença já ultrapassa os 60%, prejudicando diretamente a população baiana”, alerta o especialista.
Impacto financeiro para os consumidores
Em 2024, a Acelen foi responsável pelo fornecimento de 383,5 mil toneladas de GLP, o equivalente a 29,5 milhões de botijões, destinados principalmente à Bahia. A diferença de R$ 26,15 por botijão imposta pela Acelen gera um impacto anual de aproximadamente R$ 771,4 milhões para os consumidores baianos.
Essa alta nos preços também encarece setores essenciais, como o transporte e a indústria, refletindo diretamente no custo de vida da população.
Reestatização da RLAM como solução
A RLAM foi vendida pela Petrobrás ao grupo Mubadala Capital, que detém a Acelen e impõe reajustes constantes nos combustíveis, explorando um monopólio regional. De acordo com o presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás, Núcleo Bahia (AEPET-BA), Marcos André dos Santos, a reestatização da refinaria é essencial para recuperar o controle público sobre os preços dos combustíveis e garantir valores mais justos para os consumidores.
Ele reforça a importância da retomada da refinaria pela Petrobrás: “A Acelen continua adotando uma política de preços baseada no mercado internacional, levando em conta o valor do dólar e do barril de petróleo. Essa política já foi abandonada pela Petrobrás, mas segue penalizando os baianos sob gestão privada. Com a reestatização, os consumidores voltariam a pagar preços alinhados à realidade nacional, trazendo estabilidade econômica e segurança energética para o Brasil”.
Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil