Salvador tem se consolidado como um grande polo de feiras de rua, que desempenham um papel fundamental na geração de renda e no fomento à economia solidária. Para pequenos empreendedores, desempregados, aposentados de baixa renda e trabalhadores que dependem da renda extra, esses eventos são essenciais para a subsistência e o fortalecimento dos negócios locais. No entanto, a falta de uma organização estruturada por parte do poder público dificulta a realização dessas feiras, tornando urgente um diálogo entre empreendedores e órgãos municipais.
De acordo com a coordenadora de empreendedorismo da Associação Classista de Educação e Esporte da Bahia (ACEB), Anne Cristina Nogueira, a entidade tem atuado para unificar os esforços dos organizadores de feiras em Salvador. “Pensando na coletividade, estamos unificando os trabalhos, mas ainda sentimos falta de uma melhor organização dos calendários de realização das feiras”, afirma.
Apaixonada por artesanato e sustentabilidade, Lorena Dias Nascimento participa de feiras desde 2009. Para ela, esses eventos são uma forma de transformar arte em sustento. “As feiras são inspiração e projeção da arte produzida por minha família. Através delas, comercializo nossos produtos, que vão desde ecojoias produzidas com cápsulas de café a itens infantis sensoriais”, conta. No entanto, ela ressalta a necessidade de um processo mais equilibrado na distribuição dos espaços das feiras e de um suporte estrutural que facilite o acesso para empreendedores que dependem dessas vitrines comerciais para sobreviver.
Os eventos acontecem em locais estratégicos da cidade, como o Farol da Barra, o Largo da Mariquita (Rio Vermelho), a Praça Ana Lúcia Magalhães, o Largo do Santo Antônio Além do Carmo e diversos outros espaços que atraem um público qualificado. Contudo, a liberação de alvarás tem sido um dos principais entraves para os empreendedores. “Entendemos que todo mundo tem que ter espaço, mas nem sempre os alvarás de autorização das feiras têm sido liberados de forma justa ou com a celeridade necessária”, destaca Anne.
A professora Elisângela Figueredo Muniz, que participa das feiras há um ano e quatro meses para complementar sua renda familiar, sugere uma fiscalização mais rigorosa sobre os CNPJs dos participantes. Para ela, é necessário criar um núcleo de regulamentação que exija documentos específicos para comprovar a coordenação de cada grupo de feirantes.
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