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JANEIRO VERDE ALERTA PARA PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO PRECOCE DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO

João Paulo - 15/01/2025 10:40 - Atualizado 15/01/2025

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimou que, entre 2023 e 2025, seriam registrados 17.010 novos casos de câncer de colo do útero em cada ano do triênio no Brasil. Apesar de ser altamente prevenível, esta é a terceira modalidade de tumor mais incidente entre mulheres no país. Na análise regional, este tipo de câncer é o segundo mais incidente nas regiões Norte (20,48/100 mil) e Nordeste (17,59/100 mil) e o terceiro na Centro-Oeste (16,66/100 mil). Já na região Sul (14,55/100 mil) ocupa a quarta posição e, na região Sudeste (12,93/100 mil), a quinta. Em 2021, mais de seis mil brasileiras perderam suas vidas para a doença, segundo o Atlas de Mortalidade por Câncer. Frente a esses números alarmantes, o Janeiro Verde reforça a necessidade de ações preventivas e do diagnóstico precoce para mudar esse cenário.

O câncer de colo de útero está diretamente associado à infecção persistente pelo papilomavírus humano (HPV), transmitido sexualmente. Dados do Ministério da Saúde indicam que cerca de 70% dos casos podem ser evitados com a vacinação contra o HPV, recomendada para meninas e meninos entre 9 e 14 anos, e com exames preventivos regulares, como o Papanicolau.

Segundo o cirurgião oncológico André Bouzas, a prevenção é a principal arma contra a doença. “Além da vacinação, o rastreamento com o exame Papanicolau permite detectar alterações precursoras, que podem ser tratadas antes de evoluírem para um câncer invasivo. Este é um dos tipos de câncer mais evitáveis quando medidas de saúde pública são seguidas adequadamente”, afirma o diretor do núcleo de cirurgia oncológica do Instituto Brasileiro de Cirurgia Robótica (IBCR).

O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso no tratamento. Durante a consulta ginecológica, o Papanicolau identifica lesões pré-cancerígenas ou sinais de câncer em estágio inicial, quando as chances de cura são superiores a 90%. Exames complementares, como colposcopia e biópsia, são indicados quando há alterações nos resultados, permitindo maior precisão na avaliação. “Quanto mais cedo for identificado o problema, menos invasivo será o tratamento e maior será a chance de cura”, reforça Bouzas.

Nos casos iniciais em que o tratamento cirúrgico é necessário, os avanços tecnológicos têm desempenhado um papel fundamental. Bouzas destaca que a cirurgia robótica oferece maior precisão, reduzindo danos aos tecidos circundantes e possibilitando recuperação mais rápida. “Utilizamos essa tecnologia para procedimentos como a traquelectomia (retirada do colo uterino com preservação da fertilidade) ou histerectomia (retirada total do útero), permitindo oferecer um tratamento menos invasivo. Isso melhora a qualidade de vida das pacientes, reduz complicações pós-operatórias e pode manter o desejo de gestação em pacientes jovens que ainda não tiveram filhos”, explica o cirurgião. Para casos avançados, a combinação de radioterapia com quimioterapia é o melhor tratamento.

Esses avanços, aliados à conscientização e ao diagnóstico precoce, são passos fundamentais para reduzir as taxas de mortalidade e melhorar o prognóstico das mulheres afetadas. “O acesso a tratamentos de ponta e o cuidado especializado são essenciais para transformar o cenário do câncer de colo de útero no Brasil”, conclui Bouzas.

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