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CACAU EM ALTA: INDÚSTRIAS JÁ PAGAM R$ 1.000,00 PELA ARROBA. FILHA DE EX-MINISTRO VAI INVESTIR R$ 1,7 MILHÃO

Redação - 19/12/2024 17:14 - Atualizado 20/12/2024

O preço do cacau atingiu nesta quarta-feira (18/12) o valor histórico de US$ 12.565 por tonelada na bolsa de Nova York. A indústria já está pagando R$ 1.000,00 pela arroba e grandes, médios e pequenos produtores do sul da Bahia voltaram a investir na cultura.

O plano principal é aumentar a produtividade das lavouras já existentes, com mais adensamento, manejo e adubação, mas também abrir novos plantios para responder à demanda global, que segue na incerteza do volume de produção da Costa do Marfim e Gana, os maiores produtores e exportadores da amêndoa.

Filha de Ângelo Calmon de Sá, ex-banqueiro do extinto Banco Econômico e ex-ministro, a produtora Claudia Calmon de Sá já investiu pelo menos R$ 1,7 milhão neste ano no adensamento e adubação das lavouras de cacau cultivadas no sistema cabruca (sob a sombra de florestas nativas) em 14 fazendas da família nas cidades de Ituberá, Aurelino Leal, Taboquinhas, Uruçuca, Ilhéus, Itabuna, Jussari. Os recursos também foram usados para adquirir máquinas para quebrar a fruta, secadores e aumentar em 15% a mão de obra. Para 2025, segundo ela, o plano é comprar mais máquinas e aplicar outros R$ 2 milhões na cultura.

“Os últimos anos foram bem difíceis para o produtor de cacau, que vinha sofrendo nas fazendas. Não dava para investir, renovar áreas, aplicar muito adubo ou fungicidas com cacau a R$ 200 em média a arroba. Todos os recursos eram usados para pagar e manter a mão de obra”, diz ela.

Claudia assumiu as fazendas da família na Bahia há cinco anos e se apaixonou pela cultura do cacau. No total, as fazendas da Agrícola Cantagalo cultivam atualmente 900 hectares de cacau em sistema cabruca e 900 em sistema agroflorestal, com produção média de 900 toneladas por ano. As propriedades que ficam num raio de até 3 horas de distância da sede, Itabuna, empregam 300 pessoas.

Neste ano, a safra teve quebra devido às doenças fúngicas que atingiram as plantas porque choveu muito e esfriou demais à noite. Com isso, a produção média de 900 toneladas por ano caiu pela metade, mas Cláudia espera aumentar bastante a produção e a produtividade em dois anos com o adensamento e os novos plantios.

Em 2025, ela vai plantar 20 hectares de cacau a pleno sol com irrigação em área de recuperação de pastagens. Na nova área, espera colher 180 arrobas por hectare em vez das 40 do modelo cabruca. Reportagem de Eliane Silva para o Valor Econômico.

Foto: Arquivo pessoal

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