sábado, 21 de dezembro de 2024
Euro 6.3985 Dólar 6.1493

NAMORADOS DE JOVENS MULHERES SUECAS ESTÃO PAGANDO SALÁRIOS E MIMOS PARA ELAS FICAREM EM CASA; ENTENDA AQUI

João Paulo - 16/12/2024 10:59 - Atualizado 16/12/2024

Uma reportagem do jornal Folha de São Paulo descobriu uma nova tendência no mercado de trabalho da Suécia. As mulheres estão recebendo dinheiro de seus namorados para ficar em casa e deixar o mercado de trabalho. Em entrevista ao Jornal, Vilma Larsson, de 25 anos, contou que parou de trabalhar há um ano para se tornar uma “namorada que fica em casa” —e diz que nunca foi tão feliz. “Minha vida é mais tranquila. Eu não estou sofrendo. Não estou muito estressada.”. Antes ela havia trabalhado em uma mercearia, em uma casa de repouso e em uma fábrica.

O namorado dela trabalha remotamente na área de finanças e, enquanto ele passa o dia no laptop, ela está na academia, tomando café em algum lugar ou cozinhando. O casal cresceu em pequenas cidades no centro da Suécia, mas agora viaja muito —e está passando o inverno no Chipre. “Todo mês ele me dá um ‘salário’ com o dinheiro que ganha. Mas se eu precisar de mais, peço a ele. Ou, se precisar de menos, não peço —apenas guardo o resto”, explica.

Ela compartilha seu estilo de vida no Instagram, YouTube e TikTok, onde acumulou 11 mil seguidores. Algumas de suas publicações tiveram quase 400 mil curtidas, embora ela diga que não está ganhando dinheiro com seu conteúdo. Ela usa as hashtags hemmaflickvän e hemmafru (que significam “namorada que fica em casa” e “dona de casa”, em sueco) e se descreve como uma soft girl —identidade feminina que adota um estilo de vida mais meigo e delicado, em vez de se concentrar em uma carreira profissional.

O estilo soft girl tem sido uma microtendência nas redes sociais em diferentes partes do mundo desde o fim da década de 2010. Mas na Suécia —com cinco décadas de políticas destinadas a promover famílias com dupla renda—, a recente popularidade do conceito provocou surpresa e divisão.

O Ungdomsbarometern, o maior levantamento anual de jovens da Suécia, destacou pela primeira vez as suecas que adotaram a tendência soft girl há um ano, depois que esta se tornou uma escolha popular quando jovens de 15 a 24 anos foram convidadas a prever as tendências para 2024. Outro estudo divulgado pelo Ungdomsbaromatern, em agosto deste ano, sugeriu que estava se tornando uma aspiração até mesmo entre as estudantes mais jovens, com 14% das meninas de sete a 14 anos se identificando como soft girls.

“Trata-se de se afastar deste ideal de ‘girl boss’ que temos visto há muitos anos, em que há exigências muito, muito altas de sucesso em todos os aspectos da vida”, explica Johanna Göransson, pesquisadora do Ungdomsbarometern. Não há dados oficiais sobre o número de soft girls que param totalmente de trabalhar e dependem financeiramente de seus parceiros, como Larsson —e Göransson diz que é provável que essa proporção seja pequena.

No entanto, o assunto se tornou um dos principais temas de discussão na Suécia, desde em artigos de opinião em jornais de grande circulação até em painéis de debate no Almedalen —um grande evento político anual— e na emissora pública de televisão sueca.

 

Imagem de brightfreak por Pixabay

Copyright © 2023 Bahia Economica - Todos os direitos reservados.