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CASO CARREFOUR: PRODUÇÃO BAIANA NÃO SERÁ AFETADA, NEM HAVERÁ DESABASTECIMENTO, DIZ FAEB

Victoria Isabel - 26/11/2024 17:00 - Atualizado 26/11/2024

O Bahia Econômica entrou em contato com o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária da Bahia, Humberto Oliveira,  para saber dos impactos do Caso Carrefour, após o CEO do grupo,  Alexandre Bompard, afirmar que a carne produzida no Brasil não respeitaria as normas do país europeu e anunciar que não usariam carne dos países do Mercosul nos mercados da França. A mensagem foi mal recebida pelos produtores brasileiros, que iniciaram um movimento de boicote no fornecimento de carne para os mercados do Carrefour no Brasil.

Bahia Econômica – Como o senhor vê a declaração do CEO da Carrefour sobre a falta de qualidade da carne brasileira e que suspensão da importação, juntamente com o boicote em resposta?

Humberto Oliveira  – A declaração do Carrefour foi completamente inoportuna, uma declaração infundada, onde ataca o setor agro-brasileiro de uma forma desnecessária, de uma empresa que consome os produtos brasileiros, torna até um pouco incoerente a declaração desse tipo. Então, em nome do setor agropecuário baiano em especial, a gente repudia completamente esse tipo de atitude, não é atitude republicana, não é atitude respeitosa a um setor que representa muito a economia do Brasil, representa muito a geração de emprego, a geração de renda do nosso país e é um produto de exportação importante da pauta brasileira. E dizer que o estrago da declaração já tá feito. Não estrago econômico, porque a importação de carne da França, que a França faz do Brasil, é muito pequena. É um volume muito diminuto em relação ao volume de exportação de carne que o Brasil tem para outros países. Alguma coisa que vai para a França é em torno de 0,01% do volume exportado. Então não tem um peso econômico muito grande. Mas a declaração do ponto de vista da imagem da carne brasileira, aí sim tem um prejuízo muito grande. E por isso o setor fez de imediato um boicote. Todos os representantes dos mais diversos setores ligados à pecuária brasileira se manifestaram.

Bahia Econômica – Como avalia a solução desse impasse?

Humberto Oliveira – Quanto à solução do impasse, é uma questão muito mais do próprio governo francês, que também se manifestou apoiando de alguma forma a declaração do Carrefour de comparar os números da proteção ambiental que o Brasil tem.Precisam reconhecer que o Brasil é um país seguro do ponto de vista da sua produção agropecuária e pecuária. Mas a gente entende que esse impasse não se resolve assim tão facilmente, que muito mais de que qualquer outra coisa é interesse comercial, é interesse financeiro, seja os franceses defendendo o setor pecuário deles ou as empresas francesas defendendo os seus resultados econômicos. Então o Brasil tem que se impor do ponto de vista. Da garantia dos nossos produtos, da forma sustentável da nossa produção e da importância que o Brasil tem como o maior fornecedor de alimentos para o mundo, não só na questão de carne, mas também na questão da nossa agricultura. É o momento do Brasil se colocar na mesa, mas se colocar de cabeça erguida, né, como um país importante para a segurança alimentar do mundo.

Bahia Econômica – Isso afeta o mercado baiano de alguma forma?

Humberto Oliveira – Quanto a afetar o mercado baiano, de forma nenhuma, o mercado baiano é um mercado hoje muito diverso. O que eles compram também no mercado baiano não tem nenhum peso de chegar a afetar o abate de bovinos no Estado, nem nenhum risco de qualquer desabastecimento para a população, até porque a Bahia tem uma diversidade muito grande de outros mercados que não carrefour, que com certeza consegue abastecer a população em quantidade e na qualidade que o povo baiano merece. Então não tem nenhum tipo de risco nem de desabastecimento da população, nem também do abate de animais.

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