A Braskem anunciou nesta segunda-feira (4) a troca do CEO da empresa. Em fato relevante, a Braskem informou que Roberto Bischoff, no cargo há menos de dois anos, será substituído por Roberto Paraíso Ramos. Ele tem mais de 70 anos, foi vice-presidente da Braskem entre 2002 e 2010, tem um perfil “odebrecheriano”, e é próximo de Emílio.
Segundo o site Investnews, a mudança foi entendida no mercado como um sinal de que Emílio Odebrecht – controlador da Novonor, principal acionista da Braskem – quer aumentar sua ingerência sobre o rumo da petroquímica. Isso reforçaria a ideia de que a venda da Braskem não deve acontecer tão cedo.
Hoje um dos problemas na venda da empresa é o plano de que a Novonor permaneça com uma pequena fatia da Braskem, algo que vem sendo rejeitado pelos bancos. O CEO teria muito mais disposição em seguir as orientações do empresário para lidar com os diferentes desafios da empresa. Outro problema da venda é que, hoje, a empresa vale menos do que a dívida.
A troca do comando da Braskem, na visão dos especialistas que acompanham a companhia, é um sintoma dos efeitos negativos que a companhia vem sofrendo por causa da demora na definição da venda da companhia. Mas também pode ser um indício de que o negócio não deve sair tão cedo.
Assim como Emílio, Ramos também foi investigado pela Operação Lava-Jato. O executivo foi preso em 2016, na 26ª fase da operação, conhecida como “fase Xepa”, que investigava uma divisão na Odebrecht destinada ao controle de pagamentos de propinas. Ele não chegou a sofrer acusação formal.
As recentes trocas de comando são atribuídas por interlocutores próximos da companhia à piora do desempenho financeiro da companhia. O permanente estado de “à venda” e o ciclo negativo do setor petroquímico global vêm há vários trimestres afetando a empresa.