Nesta terça-feira (5), às 21h30, durante a partida entre Esporte Clube Bahia e São Paulo Futebol Clube, o setor Sudoeste da Arena Fonte Nova apresentará uma cena marcante: 384 cadeiras vazias cobertas com camisas de diversos times brasileiros.
As ‘cadeiras vazias’ fazem alusão às consequências muitas vezes irreparáveis da violência: pessoas deixam de ir aos estádios por medo, times precisam jogar de portões fechados como punição e há a ausência permanente das vítimas fatais. A campanha ainda reflete não somente sobre as violências extremas, que ceifam vidas e arruínam famílias, mas também sobre outras formas graves, como racismo, homofobia, xenofobia, agressões contra a mulher e intolerância religiosa. Todos esses atos levam as pessoas a se afastarem dos estádios e até mesmo a se desencantarem para sempre com o futebol, que é um dos maiores pilares da identidade cultural do país.
A ação faz parte do lançamento da campanha Cadeiras Vazias e do Movimento de Ocupação pela Paz no Futebol, iniciativas do Governo Federal por meio do Ministério do Esporte, em parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorg) e os principais clubes do futebol brasileiro, que têm como objetivo promover a paz nos estádios, e criar um ambiente seguro na adoção de comportamentos positivos e na denúncia de atos de violência.
O número de cadeiras simboliza o total de vítimas fatais de violência no futebol entre 1993 e 2023, conforme levantamento do jornalista esportivo Rodrigo Vessoni.
Durante o evento, jogadores dos dois clubes e torcedores serão engajados em atividades de conscientização, promovendo uma mensagem clara de que todos – sociedade civil, autoridades e instituições esportivas – têm um papel fundamental na construção de um ambiente pacífico no futebol.
Parentes de algumas das vítimas fatais, depois de uma dolorosa ausência em estádios de futebol, estarão presentes no estádio da Fonte Nova para participar do ato simbólico pela paz.
Um dos familiares que estará no jogo é Ettore Marchiano, pai da torcedora palmeirense Gabriela Anelli, morta aos 23 anos no dia 8 de julho de 2023, na capital paulista. Ela foi atingida por estilhaços de uma garrafa após um confronto entre torcedores ao redor do estádio.
Outra presença é Mikaelly Belinasi, irmã gêmea do santista Sergio Henrique, de 21 anos, que faleceu em 23 de agosto de 2020, alvejado por um tiro de arma de fogo. A morte decorreu de uma briga generalizada entre torcedores, na cidade de Mauá, na Grande São Paulo. No mesmo episódio, o santista Higor Matis Toledo, de 22 anos, também morreu, atingido por um disparo de bala.
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