A ladeira da Misericórdia, uma das mais antigas do centro histórico de Salvador, tem três casarões que foram projetados pela arquiteta Lina Bo Bardi, que desenhou o Masp de São Paulo. Os casarões estão em ruínas, mas um projeto da prefeitura de Salvador com uma instituição privada pretende transformá-lo em um centro cultural. Na última sexta-feira, a prefeitura assinou com a Associação Cultural Pivô uma permissão de uso do espaço por dez anos.
A Associação Cultural Pivô é uma instituição sem fins lucrativos, criada em 2012 e que implantou o centro interdisciplinar de arte e cultura na sobreloja do edifício Copan, de Oscar Niemeyer, em São Paulo. A instituição inaugurou uma nova sede em Salvador, num casarão histórico, que hoje funciona como uma plataforma de pesquisa e intercâmbio artístico.
Entre os parceiros institucionais do Pivô para o projeto estão a curadora Lissa Carmona, embaixatriz do Instituto Bardi, fundado em 1990 para preservar o legado do casal Pietro Maria Bardi e Lina Bo Bardi. E a editora Fernanda Diamant, sócia da livraria Megafauna e da editora Fósforo, além do gestor Lucas Pessôa, ex-presidente do Instituto Inhotim, em Minas Gerais, e ex-diretor do Masp.
O conjunto da ladeira da Misericórdia, composto por três casarões, era moradia para baixa renda, com pequenos comércios e serviços no andar térreo a serem tocados pelos moradores. Tinha um bar, um belvedere e o restaurante Coatí, ou Coaty, construído em torno da mangueira.Na parte interna, a arquiteta desenhou um palco ao redor do tronco, onde imaginava um dia assistir a uma apresentação de João Gilberto.
“O projeto de Lina para a ladeira da Misericórdia representa o microcosmo de uma estratégia de desenvolvimento sustentável e de reocupação do centro histórico”, afirma Pedro Tourinho, secretário de Cultura e Turismo de Salvador.
“O Pivô será a caixa de ferramentas da retomada da ladeira da Misericórdia”, afirma Fernanda Brenner, fundadora e diretora artística do Pivô. “Ocupar esse espaço é dar continuidade ao DNA da instituição: retomar e abrir espaços arquitetônicos históricos para o público, sempre de forma gratuita, e juntar cultura contemporânea com patrimônio histórico e pensamento artístico.” As informações são de reportagem de Fernanda Mena na Folha de São Paulo. (Veja mais).
Foto: via Architecture Paste Book
Foto: Pinterest Alessandro Tosini
A foto de capa da matéria é de Nelson Kon.