O dentista Antônio Lucas Ferreira, de 32 anos, contribui com a previdência privada desde que tinha 18 anos. Por iniciativa do pai, todos os meses, ele destina uma porcentagem do seu salário para assegurar sua aposentadoria para que, no futuro, não precise depender exclusivamente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). “Meu pai sempre teve o cuidado de planejar o nosso futuro. Ele era contador e sempre nos deu conselhos sobre como melhor se preparar para a aposentadoria. Contribuo com um valor que não afeta a minha renda e que, lá na frente, vai me dar um conforto maior”, comenta.
Segundo o relatório realizado pela Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) junto às associadas, mais de 11,1 milhões de pessoas possuíam previdência privada aberta no país em maio deste ano. O valor equivale a cerca de 10% da população entre 20 e 60 anos no país. Atualmente, são 14 milhões de planos comercializados, 80% deles na modalidade individual e 99,5% estão em fase de acumulação, período de construção da poupança de longo prazo. A preferência é pelo VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) (62,5%). Em seguida, vem o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) (21,6%).
“Esses produtos de previdência privada se destinam a pessoas com perfis tributários diferentes. O VGBL, por exemplo, é mais indicado para quem faz declaração simplificada do Imposto de Renda ou é isento dele. Já o PGBL é mais recomendado para quem faz a declaração completa, pois permite deduzir cerca de 12% da renda bruta anual”, explica Caio Mattos, consultor de previdência privada.
De acordo com ele, 80% das pessoas que o procuram para orientações de previdência privada demonstram preocupação em não ter renda suficiente para uma vida confortável após a aposentadoria. A inquietação também é com a ideia de saturação da previdência social. “Tenho notado que os clientes que chegam são mais jovens, sobretudo empresários ou autônomos. Parte teme que, no futuro, o Estado fique saturado, já que a tendência é que o país se torne cada vez mais velha, com mais pessoas dependendo da previdência social”, completa Mattos.
Orientação
A orientação do especialista para qualquer pessoa que ganhe até um salário mínimo é começar com contribuições de até R$ 200 por mês e optar pelo plano VGBL, caso haja a isenção do IR ou simplificação dele. “Faça uma análise de sua renda para ver o quanto te sobra por mês e invista. Contribua regularmente e coloque em débito automático para não esquecer de contribuir, assim você mantém a disciplina. Também é importante aumentar a contribuição à medida que a sua renda aumente. Se você investir em 30 anos, sua aposentadoria complementar pode ser de cerca de R$ 1,4 mil por mês”, analisa.
Para João Adolfo de Souza, administrador especialista em finanças, diversificação das fontes de renda na aposentadoria é uma estratégia cada vez mais adotada por brasileiros que buscam maior segurança financeira para o futuro. Na opinião dele, a previdência privada é uma excelente alternativa para quem busca um complemento à aposentadoria oficial, já que investimentos em renda fixa são conhecidos por sua segurança e previsibilidade de rendimentos.
“Essa modalidade permite que os investidores adequem suas contribuições de acordo com suas possibilidades e expectativas de renda futura. Além disso, oferecem vantagens fiscais que podem ser aproveitadas para otimizar o retorno sobre os investimentos. Essa modalidade é particularmente atraente para quem busca estabilidade, pois oferece rendimentos regulares com riscos relativamente reduzidos”, comenta Souza. João acredita que investir na aposentadoria exige planejamento e visão de longo prazo. Planejar e diversificar os investimentos são etapas cruciais para garantir não só a independência financeira, mas também a tranquilidade na terceira idade, diz
“Consultar um especialista financeiro é uma boa alternativa para definir estratégias de investimento personalizadas e alinhadas aos objetivos individuais, mitigando riscos e aproveitando as oportunidades que cada tipo de investimento oferece. Com as devidas estratégias e precauções, é possível alcançar uma aposentadoria satisfatória e segura, complementando os benefícios oferecidos pelo INSS”, orienta Souza. O especialista em previdência e seguros, Danilo Carrillo, explica que para uma pessoa que planeja se aposentar aos 65 anos, por exemplo, iniciar a poupança aos 25 pode demandar apenas 10% de sua renda mensal.
“No entanto, adiar o início do planejamento para os 50 anos requer contribuições mensais acima de 50% da renda, devido ao prazo mais curto disponível para a construção do patrimônio financeiro. A diferença reforça a importância de estabelecer o hábito de poupar desde cedo. É uma prática que permite que as pessoas adaptem suas economias gradualmente à medida que suas capacidades financeiras evoluem. Além disso, quando alguém começa a economizar para a aposentadoria em uma idade mais jovem, pode se beneficiar da capacidade dos juros compostos”, diz.
Para uma renda maior, de R$ 10 mil por mês, a partir dos 65 anos, por exemplo, o saldo total arrecadado precisa ser de R$ 2.456.432,79. Se o contribuinte começar aos 25, as contribuições mensais devem ser de R$ 2.115,6; aos 30 anos R$ 2.729,63; aos 35 anos R$ 3.584,62; e aos 40 anos R$ 4.827,44.( Correio)
Danilo Carrillo, especialista em previdência e seguros Crédito: Reprodução