Pela primeira vez desde que invadiu a Ucrânia, há mais de dois anos, a Rússia usou o termo “guerra” para se referir aos ataques ao país vizinho. Nesta sexta-feira (22), o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a “operação militar especial” das tropas russas na Ucrânia se transformou de fato em uma guerra. Desde que o conflito começou, em 24 de fevereiro de 2022, o governo russo se referia a ele como “operação militar especial” e proibiu a imprensa e a população do país a usarem o termo “guerra”.
“Esta é uma operação militar especial, mas, de fato, na verdade, para nós transformou-se numa guerra depois de o Ocidente aumentar cada vez mais diretamente o nível do seu envolvimento no conflito”, declarou Peskov nesta sexta. A mudança acontece após a reeleição do presidente russo, Vladimir Putin, na semana passada, e no mesmo dia em que a Rússia fez o maior ataque na Ucrânia deste ano e o maior bombardeio à infraestrutura do país desde o início da guerra.
Segundo o Ministério da Defesa da Ucrânia, 90 mísseis e 60 drones foram lançados pela Rússia e atingiram diversas cidades do país, inclusive a capital, Kiev. O ministério afirmou que duas pessoas morreram e diversas ficaram feridas. O foco dos ataques foram centrais elétricas e linhas de fornecimento de energia, segundo o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, gerando apagões por todo o país.
Desde o fim do ano passado, a Rússia tem conseguido avançar nas frentes na Ucrânia e intensificar os ataques, após mais de um ano de estagnação na guerra. Zelensky disse que o avanço russo mostra a gravidade dos atrasos de envio de recursos e armamentos dos Estados Unidos e da Europa à Ucrânia. Na quinta-feira (21), Kiev já havia sido alvo de fortes ataques russos.
Foto: Andriy Andriyenko/ AP