Somando mais de duas horas de atraso, Daniela Mercury subiu no trio elétrico para puxar o último dia do Bloco Crocodilo em Salvador. O motivo do atraso veio do trio elétrico de Ivete Sangalo que paralisou a avenida após mangueira do tanque de CO2 se soltar, fazendo parte do equipamento de efeitos visuais explodir.
A Rainha do Axé, vestida com um figurino vermelho brilhante, tentou diminuir a frustração dos foliões na concentração com um aquecimento de sua banda. “Venho pro Crocodilo sempre com as amigas, mas esse ano só consegui comprar um abadá. Escolhi a segunda, mas não imaginei que fossem acontecer tantos imprevistos”, contou a economista Helena Mendes, 43.
O desfile, que marcou o último dia do bloco em 2024, estava previsto para começar às 19h15, mas só teve início às 21h30. Com a saída do trio, os foliões comemoraram junto a Daniela Mercury com muita dança e cantoria. “É minha primeira vez em Salvador e esse é meu segundo dia seguindo Daniela, eu sou apaixonado por ela e poderia ir atrás do trio dela por dez horas seguidas”, relatou o professor Gilberto Freitas que veio do Espírito Santo para curtir o Carnaval de Salvador.
As ruas do circuito foram tomadas pelas cores azul e amarelo do “Croco” enquanto Daniela Mercury trazia seu repertório já conhecido por alguns foliões que a seguiram no dia anterior. “Não me canso de ouvir a Rainha, por isso sempre compro os dois dias do bloco”, explicou o enfermeiro Joaquim Senna.
O repertório da cantora contou com sucessos como ‘Ilê Pérola Negra’, ‘Oyá Por Nós’ e ‘Rosa Negra’, todos selecionados para homenagear os blocos afro e a visibilidade do seu crescimento, algo que foi destacado por Daniela Mercury durante o desfile. Para homenagear os cinquenta anos do Bloco Afro Ilê Aiyê, a Rainha do Axé entoou os versos de “Pérola Negra” no Circuito Dodô junto a sua legião de fãs. “O ano inteiro, na vida inteira, o mundo inteiro tem que ser Wakanda”, disparou a cantora ao relembrar que este crescimento ainda não é o suficiente para o povo preto.
Para o casal Hernesto Silveira, 48, e sua esposa Francisca Silveira, 40, a música de Daniela Mercury é o que chama o público para a avenida. “Daniela tem o melhor que o axé poderia dar, me sinto representada por ela e estou sempre cantando suas músicas. O Carnaval é a época do ano em que posso cantar junto a ela durante o percurso inteiro”, disse a administradora.
Crédito: Yasmin Oliveira/CORREIO