Em 2023, o consumo de energia elétrica no Brasil atingiu 69.363 megawatts médios, apresentando um aumento de 3,7% em comparação com o ano anterior, conforme revelado por um estudo da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Os períodos de calor intenso que afetaram o país no segundo semestre e o desempenho positivo de alguns setores econômicos foram os principais impulsionadores desse crescimento.
No mercado regulado, onde os consumidores adquirem energia diretamente das distribuidoras, observou-se um aumento de 2,5%. O uso mais intenso de eletrodomésticos, como ventiladores e ar-condicionado, contribuiu para a elevação da demanda, especialmente nos meses finais do ano, quando as temperaturas atingiram recordes em diversas regiões do país. Além disso, a migração de consumidores para o mercado livre teve impacto significativo nos resultados.
No mercado livre, onde os consumidores têm a liberdade de escolher o fornecedor de energia e negociar condições contratuais, o consumo registrou um crescimento de 5,9% em comparação com o ano anterior. Esse aumento reflete a maior atividade em alguns setores produtivos, a entrada de novos participantes no segmento e o impacto das altas temperaturas em áreas como Comércio e Serviços, que aumentaram o uso de equipamentos de refrigeração.
Alexandre Ramos, presidente do Conselho de Administração da CCEE, destacou que os dados de 2023 revelam um expressivo aumento no consumo brasileiro em relação a 2022, além do crescimento da geração de energia renovável no país e da expansão do mercado livre de energia.
A CCEE monitora o consumo em 15 setores da economia que adquirem energia elétrica no mercado livre. Os três segmentos com maior avanço percentual em 2023, comparado ao ano anterior, foram saneamento (23,6%), comércio (16,8%) e serviços (14,5%). O setor de saneamento foi beneficiado pela migração de empresas para o ambiente livre após as mudanças no marco legal do saneamento básico. Nos demais setores, o crescimento se deve à maior atividade em estabelecimentos como supermercados e shopping centers, bem como ao aumento do uso de ar-condicionado devido às temperaturas elevadas. A indústria de Metalurgia e Produtos de Metal apresentou o maior crescimento em termos absolutos, impulsionada pela demanda internacional.
Apenas três setores reduziram seu consumo: veículos (-0,4%), têxteis (-1,3%) e químicos (-1,7%).
Quase todos os estados registraram um aumento no consumo de energia em 2023, em comparação com o ano anterior. Destaque para Maranhão (33,8%), Acre (11,2%) e Mato Grosso (9,6%), que experimentaram temperaturas acima da média histórica. Apenas dois estados apresentaram redução no consumo: Rio Grande do Sul, com uma leve queda de 0,3%, e Amapá, com uma redução de 1%, ambos influenciados por um volume maior de chuvas no período.
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil