O Conselho de Segurança da ONU fará uma reunião de emergência a pedido dos Emirados Árabes, da Rússia e da China para discutir o bombardeio contra um hospital cristão ligado à Igreja Anglicana na Faixa de Gaza. O ataque ao hospital, cuja autoria não está clara e que agora está no epicentro de uma guerra de versões, contaminou os ânimos das missões integrantes do Conselho de Segurança. Isso deixou o clima, que já estava tenso, ainda mais pesado, de acordo com diplomatas que acompanham as negociações.
A expectativa para a aprovação da resolução também não são as mais otimistas. O quadro mais provável, na avaliação de diplomatas, é o de um veto dos Estados Unidos. Os norte-americanos se mantiveram distantes das negociações dos últimos dias sob a alegação de que Washington queria esperar a volta de Joe Biden da viagem a Israel, que começa nesta quarta.
Para a resolução do Brasil ser aprovada, são necessários nove dos 15 votos do conselho. No entanto, os membros permanentes têm poder de veto — entre eles os Estados Unidos e a Rússia. O veto dos americanos é considerado o mais provável, mas uma posição similar da Rússia também não está descartada.
O texto confeccionado pelo Brasil foi alterado algumas vezes desde a última sexta-feira (13) para se tornar palatável para a maioria dos integrantes do conselho. A última mudança foi feita na manhã de terça-feira (17), mas a tradução para seis diferentes línguas impediu que a análise acontecesse no mesmo dia. O presidente Lula determinou ao corpo diplomático brasileiro que a resolução fosse colocada em votação, mesmo sob risco de derrota. A avaliação é a de que o Brasil tem de mostrar ação diante de um quadro extremamente grave.
O texto, que será votado às 11h pelo horário de Brasília, tem “mudanças cosméticas”, de acordo com uma definição ouvida pelo blog, em relação ao texto fechado no começo da semana. Essa versão chamava de terroristas os ataques do Hamas e pedia que Israel suspendesse o ultimato para que as pessoas saíssem do norte de Gaza.
Foto: REUTERS/Andrew Kelly