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GOLPE DE PIRÂMIDES COM CRIPTOMOEDAS MOVIMENTOU QUASE R$ 100 BILHÕES EM SEIS ANOS

João Paulo - 02/10/2023 09:20

O universo das redes sociais e da internet tem seu lado bom e seu lado ruim. Um deles é a facilidade de contato com as pessoas utilizadas para aplicar golpes. O programa da rede globo Fantástico fez um levantamento inédito e exclusivo sobre as 20 empresas investigadas como pirâmides financeiras no Brasil. A grande maioria delas cresceu através da internet.

Em seis anos, os golpistas deixaram no prejuízo pelo menos 2,7 milhões de investidores e movimentaram quase R$ 100 bilhões. Milhões de investidores se deixaram seduzir por um dos golpes financeiros mais antigos na praça, as pirâmides, que passaram a usar como isca o que muita gente ainda não entende bem: as criptomoedas: moedas virtuais negociadas na internet. Os casos se multiplicaram nos últimos anos, mesmo com operações policiais, apreensões, prisões.

O Fantástico ouviu investigadores da Polícia Federal, da Polícia Civil, do Ministério Público Federal, conversou com especialistas nesse crime e fez um levantamento exclusivo do número de vítimas e do volume de dinheiro envolvido nesses golpes de 2017 pra cá. As promessas de lucros exorbitantes foram a armadilha. A garantia de não correr riscos, uma farsa. Nas redes sociais, vídeos que arquitetavam a ação:

“Ei, pobre, sabe por que você não é rico? Porque não tem consciência de quem é. A minha mente é milionária, por isso que me tornei milionário. Olha no meu olho e vê se eu tenho dúvida do que eu tô construindo”, mostrava outro vídeo. “A forma que o cara olhava, as lives que ele fazia todo dia, o poder de convencimento que esse cara tinha, que a coisa era real”, conta Acelino Popó, campeão mundial de boxe, uma das vítimas. “Meu filho, eu entrei em depressão. Ajuntei com a minha família, pra botar tudo lá pra gente realizar o sonho”, diz Dona Maria, outra vítima.

Popó e dona Maria tiveram perdas financeiras com a empresa Braiscompany. Popó colocou R$ 1,2 milhão; dona Maria, R$ 97 mil. E enquanto vítimas começam a aparecer, o dono da Braiscompany, Antônio Neto e a esposa, Fabrícia Campos, sumiram. O Fantástico conseguiu localizar onde está o dono de outra pirâmide. Renan Bastos, da FX Winning, que movimentou R$ 2 bilhões e vive nos Estados Unidos.

Ele chegou a morar em um apartamento em Miami – em um anúncio na internet, o aluguel de um apartamento de 300 metros no mesmo condomínio custa em torno de 40 mil dólares por mês – no câmbio de hoje. R$ 200 mil. Nas redes sociais, Renan Bastos mostra que continua desfrutando a vida, com gastos milionários que pagam muito luxo e extravagâncias. No Brasil, credores cobram, na Justiça, o calote dado por ele – apenas numa ação coletiva, no Tribunal de Justiça de Goiás, investidores pedem que Renan Bastos devolva R$ 100 milhões.

No ranking criminoso, elaborado pelo Fantástico com informações oficiais, a empresa que deixou o maior rastro de vítimas foi a Trust Investing.

1 milhão e 300 mil pessoas, não só no Brasil, mas em 80 países

Prejuízo acumulado das vítimas só desta pirâmide passa dos R$ 4,1 bilhões

Patrick Abrahão se apresentava como líder da empresa, mas nega ser um dos donos. “Eles alegam que eu sou sócio da Trust. Todo mundo que me acompanha sabe que eu nunca fui sócio, eu sempre fui um investidor”, diz. Ele foi preso em outubro de 2022 e solto no mês passado. As vítimas da Trust não recuperaram nenhum centavo ainda.

“A atuação do Patrick era direta. O Patrick recebia dinheiro em conta pessoal dele dos investidores. A Polícia Federal não tem outro entendimento que a que a participação total do Patrick até porque foi denunciado também existe outros elementos de prova como quebra de sigilo bancário e fiscal em cima dele”, diz Marcelo Mascarenhas, delegado da Polícia Federal.

Na lista das empresas consideradas pirâmides financeiras, a que movimentou mais dinheiro foi a GAS.

Foram R$ 38 bilhões

Volume movimentado é tão grande que o dono ficou conhecido como o faraó dos bitcoins.

Glaidson dos Santos está preso, mas não apenas por crimes financeiros. Ele responde na Justiça pelo assassinato do investidor em criptomoeda e influenciador digital Wesley Pessano, de 19 anos. O Ministério Público Estadual do Rio diz que o crime foi uma forma de eliminar concorrentes. Glaidson também acusado de mandar matar Patrick Abrahão, da Trust Investing.

Nas investigações a que o Fantástico teve acesso, a Polícia Federal encontrou conversas onde Glaidson planejava matar o concorrente.

Foto: Pixabay

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