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EL NIÑO DEVE AFETAR SAFRA BRASILEIRA E CAUSAR IMPACTO ATÉ NA INFLAÇÃO

João Paulo - 30/07/2023 08:05

O El Niño deve afetar a produção agrícola do Norte e Nordeste, mostra um estudo produzido pelo banco Itaú. Marcado pelo aquecimento das águas do Pacífico, o fenômeno leva a seca para essas duas regiões do País e aumenta o volume de chuvas no Sul. Desde meados dos anos 1990, foram registrados sete eventos de El Niño com impactos na produção de grãos. O atual é o oitavo. Ele começou em junho deste ano e deve se estender até março de 2024. Historicamente, mostra o estudo do banco, as safras de milho sofrem mais do que as de soja.

E, agora, não deve ser diferente. No ano que vem, o Itaú estima uma queda de 2,3% na produção de milho e uma alta de 3% na de soja. A expectativa é que os meses de outubro e novembro sejam menos chuvosos na parte Norte do País, prejudicando o período considerado ótimo para a plantação da safrinha milho. No Sul, deve ocorrer o contrário. Espera-se um aumento das chuvas na melhor janela para a soja.

“Deve ser um El Niño forte, mas deve ser menos intenso (do que outros). Por isso, a gente considera um impacto até limitado em termos de PIB agropecuário para 2024″, afirma Natália Cotarelli, economista do banco e uma das coautoras do estudo. O levantamento também teve a participação das economistas Julia Passabom e Luciana Rabelo Ribeiro.

Nas projeções do Itaú, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio deve registrar uma desaceleração importante. Em 2024, o crescimento do setor deve ser de 2,5%, abaixo dos 12,3% projetados para este ano. “Vindo de um crescimento de 12%, o desempenho de 2024 ainda pode ser considerado bom”, afirma Natália.

Em 2023, turbinado pela supersafra de grãos, o setor agropecuário deve ser um dos destaques da economia brasileira. A previsão do banco para o PIB deste ano é de 2,3%. O agro deve contribuir de forma direta com 0,80 ponto percentual. No primeiro trimestre, cresceu 21,6%.

Nem sempre os fenômenos climáticos têm a mesma intensidade para alterar a produção agrícola. No El Niño atual, a temperatura média deve subir 0,7 grau, alcançando um pico de 1,5 grau. Em 2018 e 2019, na última vez em que foi registrado, o pico do aquecimento chegou a 0,9 grau. O cenário foi bem mais adverso no biênio 2015 e 2016. A média das temperaturas subiu 1,5 grau, e o aumento máximo chegou a 2,6 graus. Naqueles dois anos, a produção de soja recuou 1,4%, e a de milho caiu 21,2%.

Prejuízo de trilhões

O fenômeno El Niño deve causar prejuízos ao redor de US$ 80 trilhões ao longo deste século. É número para ninguém colocar defeito, e o mais grave é que US$ 3 trilhões devem ser relativos até 2029. Mas o El Niño é apenas um dos eventos decorrentes ou agravados pelo aquecimento global e pelas mudanças climáticas. De outro lado, o derretimento das geleiras terá como consequência acelerar a elevação do nível dos oceanos, que acarretará na inundação parcial ou mesmo total de áreas urbanas densamente povoadas, como a cidade de Nova York.

Foto: Aiba

Fonte: Agência estado

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