Um dos momentos mais delicados da vida de um profissional é quando ele é demitido – ou pede demissão, dependendo do contexto – de uma empresa. Os fatores são diversos: na demissão, envolvem desde problemas como falta de produtividade e comprometimento, ausência de alinhamento com a cultura da empresa e até mesmo divergências com a liderança direta. De acordo com um estudo feito pelo Gartner, 30% dos colaboradores pedem demissão por causa do chefe e 20% buscam um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Segundo Marcus Giorgi, sócio da EXEC, consultoria especializada em Executive Search, um desligamento ou pedido de demissão nunca é uma situação corriqueira e fácil. “Quando um colaborador é desligado, geralmente essa notícia pega a pessoa de surpresa, por mais que existam indícios de que a empresa não vai bem ou que ele perceba um clima desfavorável, seja na área onde ele atua ou pelo comportamento distante. Ser, de fato, desligado gera um clima de tristeza e autorreflexão”.
Giorgi destaca que a solicitação pelo desligamento não ocorre de uma hora para outra na cabeça do profissional, esteja ele insatisfeito ou desmotivado, seja pelo ambiente de trabalho, por não se sentir valorizado, entre outros fatores. E alerta sobre a importância de deixar a empresa atual pela porta da frente. “Normalmente o pedido de demissão vem quando há uma outra proposta de trabalho já engatilhada. Mesmo que haja a mudança, é fundamental fazer essa ‘saída’ ocorrer sem nenhum desgaste, pois amanhã o colaborador pode estar de volta e qualquer atitude inadequada pode pesar no futuro”.
Desafios e cuidados
Para tornar ambas as situações – tanto ser desligado como pedir a demissão – algo que não prejudique a carreira profissional, o sócio da EXEC aponta que é importante tentar buscar as causas, no caso do desligamento, e seguir a hierarquia na hora de fazer a comunicação sobre a decisão de deixar a companhia. “No caso de o colaborador ser desligado, é importante tentar entender o porquê de tal decisão, para que ele tenha um feedback realista sobre as verdadeiras razões disso. E se ele decide sair da empresa, a decisão deve ser comunicada, em primeiro lugar, para o seu gestor direto, por uma questão de respeito”.
Marcus ressalta que é importante manter uma postura polida e educada nas duas situações. “Ao receber uma notícia dessas do RH, é preciso manter a calma e o equilíbrio, evitando uma reação impulsiva e emocional, por mais dolorido que seja o momento, no qual nos sentimos excluídos. Um comportamento educado e civilizado servirá, de alguma forma, como uma futura referência profissional. Além disso, ele diz muito sobre sua resiliência e racionalidade”.
Na hora de conversar com o gestor sobre o novo caminho a ser trilhado, Giorgi enfatiza que o aconselhável é expor, de maneira objetiva, os principais motivos que levaram o profissional a tomar essa decisão, seja ligada a motivos financeiros ou pelo desejo de viver novas experiências em sua carreira.
Uma das situações que os colaboradores se deparam na hora de comunicar a sua decisão é ser surpreendido por uma contraproposta para ficar na empresa. No entanto, o sócio da EXEC não vislumbra esse tipo de atitude com bons olhos. “Se a oferta para ficar acontece justamente no pedido de demissão questiona-se o porquê dessa promoção ou aumento de salário não ter acontecido antes. Particularmente, acho muito ruim o colaborador voltar atrás quando aceita uma nova proposta por ter sido seduzido por uma promessa de ganhar mais ou as coisas melhorarem. Isso denigre a imagem do profissional perante o futuro empregador e o mercado. Ele entra numa ‘blacklist’”.
Dicas para ajudar a lidar com a demissão e planejar os próximos passos
Após viver essas situações, Marcus – que veio do mundo corporativo e também já passou por esses momentos desafiadores ao longo de sua jornada profissional – ressalta que é preciso ter cuidado na hora de reportar os motivos pelos quais houve o desligamento da empresa anterior. A verdade é sempre o melhor caminho, segundo ele. “As justificativas podem envolver desde a falta de identificação com a função desempenhada, de alinhamento com a cultura organizacional e com a gestão, entre outros. O importante é não esconder a realidade e não falar mal da companhia”.
Enquanto a nova oportunidade não chega, no caso de vivenciar um desligamento inesperado, o sócio da EXEC concede seis dicas para ajudar o profissional a se preparar para alcançar o novo caminho em sua jornada.
A carreira profissional é algo que deve ser conduzida com cuidado, finaliza Marcus. “Ela deve ser desenhada de forma séria e profissional. Por isso é importante calcular todos esses passos para que a jornada seja de ascensão e prosperidade, com portas sempre abertas no mercado de trabalho”.