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CARRO POPULAR: VEJA DEZ DICAS PARA EVITAR ARMADILHAS DO FINANCIAMENTO

João Paulo - 18/06/2023 08:00 - Atualizado 18/06/2023

A euforia para comprar um carro novo com desconto de até R$ 8 mil dentro do programa federal de incentivo pode contaminar as avaliações sobre as melhores condições para aproveitar o abatimento. O governo anunciou o total de 266 veículos que receberam descontos dentro da iniciativa, que visa a reduzir os custos no setor. São automóveis de diferentes versões, que correspondem a 32 modelos. Economistas concordam que o desconto é realmente atraente e vale a pena, mas alertam que o benefício pode ser diluído em financiamentos com altas taxas de juros.

Isso porque parcelar um veículo 0km ainda esbarra em taxas elevadas. Com os juros altos, o custo final após o pagamento das parcelas fica bem acima dos novos valores de tabela. Para auxiliar o leitor a aproveitar melhor o programa de carros populares, o EXTRA preparou dez dicas com auxílio de especialistas em finanças. Entre recomendações, estão o cuidado com a comodidade de assinar o financiamento na própria concessionária e não pesquisar os juros e as outras condições de parcelamento. Uma alternativa, dizem os economistas, pode ser fazer um empréstimo no valor do veículo, com taxas diferenciadas e menores, e pagar o carro à vista. Ou ainda dar uma entrada maior, financiando a menor parte.

Os juros altos assustam quem deseja comprar um veículo. A pedido do EXTRA, a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) fez uma simulação aplicando o desconto no preço de um carro popular, e somando ao custo da operação as taxas de financiamento. Entre os exemplos listados está o Fiat Mobi Like, cujo preço caiu de R$ 68.990 para R$ 58.990, mesmo valor do Renault Kwid. O desconto para o Kwid é de R$ 10 mil, somando os R$ 8 mil concedidos pelo governo aos R$ 2 mil de incentivo da montadora.

Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Anefac, ressalta que, embora o desconto já seja um bom negócio porque, com preço menor do carro, o cálculo dos juros vai incidir sobre uma base mais baixa, se o comprador fizer um financiamento com prazo maior do que 12 meses, o total do abatimento vai evaporar devido à cobrança de juros. — Claro que a pessoa que já ia comprar um carro terá o benefício do desconto. Por outro lado, comprar a prazo anula o incentivo do governo e o que as montadoras estão dando. E quanto mais longos os financiamentos (normalmente, quanto maior o número de parcelas, mais facilmente a prestação cabe no bolso), maior a quantidade de juros que vai pagar e maior o prejuízo ao bolso dele — explica.

Considerando, por exemplo o Fiat Mobi Like, que custa cerca de R$ 58 mil, com entrada de 10% e taxa média do mercado, o valor total pago em um financiamento de 12 meses seria de pouco mais de R$ 67.720. Aumentando a quantidade de meses, o valor das parcelas diminui. Mas, o total do veículo aumenta. Então, em 24 meses, o cliente pagaria R$ 8.753 a mais. Já em 36 meses, desembolsaria R$ 18.159 a mais no valor final do automóvel financiado. A educadora financeira Aline Soaper destaca que o valor de um carro novo pode ficar mais caro com o pagamento do seguro do financiamento e de outras taxas. Mas esse custo, varia conforme o automóvel e a instituição financeira escolhida pelo comprador. Quando não dá para comprar um carro 0km, a opção são os usados.

— A medida do governo pode trazer consequências no segmento de seminovos e usados, que prevê reduções nos valores dos automóveis. A Fenauto tinha divulgado que se os descontos ficassem na base de 6%, por exemplo, os veículos seminovos, especialmente os que têm preços mais próximos aos dos 0km, deveriam cair na mesma proporção da alíquota média. Mas a própria Fenauto alertou que a queda não iria durar muito tempo.

Mesmo antes de calcular o valor da operação financeira, é preciso avaliar todos os custos envolvidos na manutenção do carro: — Muitas pessoas pensam apenas na prestação a ser paga, enquanto outras acham que o gasto se resume ao combustível. Aí estão armadilhas. É preciso ter consciência das diversas despesas envolvidas, como seguro, combustível, manutenção, IPVA, licenciamento anual, lavagens e até multas de trânsito.

Para economizar no financiamento

  • Melhores taxas – Embora seja mais simples fazer o financiamento na concessionária, a aquisição pode esconder uma armadilha: juros bem mais elevados. A operação tende a ser mais barata se o comprador adquirir um empréstimo pessoal ou um crédito consignado no banco em que recebe seu salário.
  • Pesquise – Faça simulações em diferentes instituições antes de assinar o contrato e compare as taxas praticadas. O site do Banco Central mostra os juros cobrados nos bancos (bit.ly/3NbS0cW).
  • Menor prazo – Apesar de prazos mais longos tornarem as parcelas mais confortáveis, alongar o pagamento aumenta os juros e o valor final.
  • Valor de entrada – Oferecer uma boa entrada também auxilia na redução do valor final. Quanto maior ela for, menor o resíduo a financiar sobre o qual os juros vão incidir.
  • Score de crédito – Ter uma pontuação alta demonstra que o comprador é bom pagador e pode ajudar a reduzir os juros cobrados.
  • Negocie – As concessionárias atuam com uma margem de lucro, o que abre espaço para negociação.
  • Planejamento – Antes de iniciar uma operação de crédito, faça um planejamento e avalie se parcela não vai sufocar o orçamento mensal.
  • Portabilidade – Em financiamentos mais longos, de 4 ou 5 anos, veja a possibilidade de mudança de instituição financeira para baixar os juros.
  • Taxas inclusas – Verifique penduricalhos como: Taxa de Abertura de Crédito (TAC), juros remuneratórios, IOF adicional e IOF básico, seguro de proteção financeira e Gravame (taxa de registro do financiamento no Detran).
  • Abertura de crédito – Observe se há taxa de abertura de crédito, e se esta é alta. No fim, o cliente poderá pagar mais do que investiria em um contrato regular.

Foto: Lucas Tavares / Agência O Globo

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