Os líderes do PT na Bahia, Jerônimo Rodrigues, Rui Costa e Jaques Wagner, estão à procura de um nome para enfrentar o prefeito Bruno Reis, candidato declarado à reeleição, nas próximas eleições.
O Partido dos Trabalhadores, que nunca governou Salvador, também procura entre os seus filiados, mas com outra ótica, um nome capaz de enfrentar o ocupante do Palácio Thomé de Souza. É preciso, no entanto, avisar aos estrategistas do governo e do PT que o nome não é tão determinante na disputa pela Prefeitura de Salvador, determinante é a estrutura política que no momento está totalmente a favor do prefeito Bruno Reis.
O governador Rui Costa foi capaz de eleger o governador Jerônimo Rodrigues por dois motivos básicos: a força eleitoral de Lula e a estrutura política montada em todo estado e composta por uma rede de prefeitos, deputados e políticos que, montado em uma tessitura de cargos, obras, emendas, etc foi capaz de fazer com que Jerônimo Rodrigues, praticamente desconhecido no início da disputa eleitoral, enfrentasse com sucesso um nome fortíssimo como o do ex-prefeito ACM Neto. Há quem diga que o determinante foi Lula, mas há quem afirme, com mais contundência, que a estrutura política disseminada em todo estado foi a mãe da vitória.
Pois bem, o mesmo vale para a cidade do Salvador: a estrutura política composta de uma rede de políticos, vereadores e lideranças municipais e que tem acesso a uma tessitura de cargos, obras, emendas, etc vai ser determinante na disputa eleitoral de 2026. E essa estrutura está a favor do prefeito Bruno Reis. Quando o Presidente da Câmara de Vereadores de Salvador, Carlos Muniz, escolheu filiar-se ao PSDB, estava mirando nisso. Muniz passou a ser um elo importante para quem deseja conquistar o Palácio Thomé de Sousa e os estrategistas do PT já perceberam isso e investem para atraí-lo para suas hostes. O presidente da Câmara percebeu sua importância no contexto, e, embora indo para um partido da base do prefeito de Salvador, não fechou as portas para um acordo futuro com o outro lado.
Há outras questões no âmbito dessa análise. Em primeiro lugar, o fator Lula, por exemplo, que mostrou nas eleições presidenciais ter grande prestígio em Salvador. Depois, a ação do governo do Estado na capital, que nunca foi tão forte como agora. Em relação a Lula é preciso não colocar muita fé em sua na capacidade de influenciar as eleições municipais, para isso seria preciso que seu governo estivesse muito bem avaliado em 2026, mas, mesmo assim, não se pode esquecer as características das eleições municipais que são decididas, na maior parte das vezes, pela questão local.
Já com relação a ação do governo estadual em Salvador, a coisa é mais complexa, pois, efetivamente, um conjunto de ações focado na cidade pode eventualmente ampliar a estrutura política de quem deseja chegar ao poder. Mas para isso é preciso agir logo e ter imediatamente um nome para ser vinculado a essas ações. E aí a porca torce o rabo: a tradição do PT é deixar para a última hora, após exaurir as discussões, a escolha do candidato. Além disso, ninguém sabe se essa estratégia será capaz de desbancar a estrutura política já montada em Salvador, que está organizada e disseminada por todo município. (EP – 22/05/2023)