Quando se trata das eleições municipais em 2026, o tempo é de manobras políticas de segundo plano. São manobras para estruturar os times que vão disputar as eleições e para acomodar quem está insatisfeito.
Em Salvador ocorreu um desses movimentos com o Presidente da Câmara dos Vereadores, Carlos Muniz, optando por filiar-se ao PSDB, o que significa, sem meias palavras, assumir neste momento o lado do Prefeito Bruno Reis. Como era de se esperar, tratando-se de um político experiente, Muniz não fechou as portas para um acordo futuro, mas isso dificilmente acontecerá. Tudo leva a crer que Muniz vai apoiar Bruno Reis nas eleições de 2026, a não ser – e aí haverá muita negociação – que o vice-governador, Geraldo Jr, seja capaz de viabilizar seu nome numa chapa forte e competitiva.
Do lado do governo, a ação não teve foco na Prefeitura de Salvador, mas visou o Estado e a composição de uma estrutura que mantenha a predominância da coligação governamental nas eleições para prefeito em 2026. O foco do governo, capitaneado por lideranças como Rui Costa, Jaques Wagner e Jerônimo Rodrigues, foi tentar refazer a tríade partidária – PT, PSD, PP – que permitiu a hegemonia do grupo durante os últimos 16 anos e que foi rompida com a saída do PP. A perda do PP não foi tão determinante como se pensava, afinal, o governo elegeu Jerônimo Rodrigues, mas, em se tratando de eleição municipal, manda o bom senso que o governo recomponha sua base partidária para chegar mais forte ao quadro eleitoral.
Por outro lado, sem o PP, o PSD do senador Otto Alencar ampliaria sua importância e poderia ser o destino de muitos prefeitos, alguns oriundos do próprio PP. Isso traria dois problemas para a base política do governo liderado pelo PT. De uma lado, poderia fortalecer sobremaneira o PSD que poderia eleger uma bancada de prefeitos muito maior que a atual. De outro, sem uma terceira via, muitos prefeitos que não se sentem confortáveis nem no PTD nem no PSD terminariam se pulverizando em pequenos partidos. Sendo assim, a estratégia política foi jogar todo o peso do governo no fortalecimento de um dos partido da base, no caso o Avante, trazendo para ele Ronaldo Carletto, que pode até não atrair tantos prefeitos agora, mas será no futuro a alternativa para muitos deles, quando as divisões políticas nos municípios do interior aflorarem com a proximidade da disputa municipal. (EP – 15/03/2023)