A aprovação do arcabouço fiscal vai medir a base política de Lula
O arcabouço fiscal está pronto e será encaminhado ao Congresso Nacional. É lá que o país vai saber o tamanho da base política do presidente Lula e qual sua capacidade de aprovar projetos. Lula não teve os tradicionais seis meses de lua-de-mel com o Congresso, período em que o presidente eleito aprova tudo que quiser, pois o país e os políticos dão ao novo governo um crédito de confiança. Não teve, porque a eleição foi extremamente polarizada e Lula ganhou por uma margem mínima de votos, mas também porque o Congresso eleito é um dos mais reacionários da história recente, parte dele resistente às propostas do vencedor.
E, para piorar, Lula aceitou e até apoiou a reeleição do presidente da Câmara de Deputados, Arthur Lira, e também do Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, num movimento compreensível num cenário de forte polarização que culminou com uma tentativa de golpe em 8 de janeiro. Mas o país ainda está tomado pela ideia de que Arthur Lira comanda o Congresso e que
Lula ficou na dependência dos acordos que terá de fazer para ter base política para governar. Arthur Lira e o Centrão tornaram Bolsonaro refém e Lula, ao aceitar a permanência dos mesmos atores no poder, está obrigado a provar que não será igualmente refém e isso vai acontecer quando o arcabouço fiscal chegar ao Congresso Nacional. Se o arcabouço for aprovado no Congresso Nacional, Lula dará um recado importante ao país. Mas ainda assim, será preciso ver quanto foi preciso gastar do orçamento para atrair os deputados, quais as modificações introduzidas no texto e se o foram com negociações com o Ministério da Fazenda. Tudo isso vai dar a medida da base política de Lula e sua capacidade de governar com o apoio do Congresso Nacional. (EP – 03/04/2023)