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BAIANA QUE MORA NA UCRÂNIA CONTA COMO É VIVER NO PAÍS EM CONFLITO; GUERRA COMPLETA UM ANO NESTA SEXTA-FEIRA

Nicolle Melo - 24/02/2023 11:37 - Atualizado 24/02/2023

Iasmin Avhustovych chegou a sair do país no início da invasão russa, porém, decidiu retornar para a Ucrânia em junho de 2022.

A guerra na Ucrânia, que causou milhares de mortes e gerou milhões de refugiados, completa um ano nesta sexta-feira (24). A baiana Iasmin Avhustovych, que mora na Ucrânia desde julho de 2021, relatou ao Bahia Econômica como é viver no país europeu diante do cenário de insegurança. A professora de inglês é natural de Salvador e é casada com um ucraniano há um ano e meio, os dois moram na região de Ternopil, no oeste do país.

A invasão russa começou na madrugada do dia 24 de fevereiro de 2022, e em pouco tempo, boa parte do território ucraniano foi dominado. No mês seguinte ao início do conflito, mais de três milhões de pessoas já haviam fugido da Ucrânia de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Com o início da guerra, Iasmin deixou o país logo nas primeiras horas e foi em direção a Polônia, uma das regiões que oferecia apoio aos refugiados; o destino final era a Itália. Todavia, seu marido precisou ficar na Ucrânia, pois já nessa época todos os homens estavam no aguardo da convocação.

Fila de carros em Kiev para tentar sair da Ucrânia no dia 24 de fevereiro de 2022.
Crédito: Reuters

Segundo Iasmin, como o marido nunca pode sair do país, ela decidiu retornar para a Ucrânia em junho de 2022. Antes de voltar, ela chegou a ficar um mês na Itália, um mês no Brasil e depois viajou com destino a Europa. Após chegar na Itália novamente, local em que reside parte da família, a soteropolitana decidiu embarcar rumo a Ucrânia. O casal vive na cidade de Terebovlya, e de acordo com Iasmin, felizmente a região não chegou a ser bombardeada, como outras cidades. Ela e o marido continuam morando na mesma residência e conseguem ter uma rotina normal dentro do possível, como ir ao mercado.

“A cidade tem mais movimento, porque chegaram alguns refugiados do leste, e na frente da igreja às vezes tem mais flores e velas, pois tivemos alguns velórios dos soldados mortos em combate. Mas não tivemos nenhum dano, apesar de escutar algumas explosões nos últimos meses. Era sempre da defesa aérea de Ternopil. Mesmo estando longe, alguns mísseis do Mar Negro passam por aqui para chegar a Lviv”, ressalta Iasmin. No entanto, a baiana lembra que em outras cidades a situação foi pior.

Região de Kiev, na Ucrânia, nos primeiros meses da guerra
Crédito: REUTERS/Maksim Levin

“A gente conhece alguns (ucranianos) que chegaram de Kyiv ou Kherson, e eles contaram pra gente como foi por lá. O de Kyiv chegou logo no início, o filho dele de 4 anos agora tem crise de pânico com barulho de avião, porque eles escaparam quando ainda estava tendo bombardeio. Assim, falando só da minha experiência, apesar de não ter estado no conflito diretamente, posso dizer que é horrível e traumatizante pra qualquer um aqui, mesmo nas regiões que não tiveram nada. Tem horas que parece tudo normal, e aí um barulho alto ou que parece de avião coloca todo mundo em alerta por um segundo, mesmo não tendo vivenciado diretamente“, destaca.

Atualmente, o casal tenta fazer planos para o futuro, mas sem data definida. De acordo com Iasmin, assim que for possível eles pretendem ir para a Itália ou para o Brasil, mas enquanto isso vivem um dia de cada vez. “Meu marido não participa no front, mas é voluntário na defesa territorial. Podem ser convocados ainda, mas ficam em reserva para caso tenha necessidade na região. A gente também recebe ajuda humanitária que minha sogra pega na Itália e manda pra gente. Ela consegue bastante doação em farmácia, aí mandamos para o front, para algum contato que precisa ou nos pontos de coleta dos hospitais”, afirma a baiana.

Crédito: Arquivo pessoal

Foto: Arquivo pessoal

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