quinta, 21 de novembro de 2024
Euro 6.0939 Dólar 5.833

RENOVADAS INGLATERRA X FRANÇA DECIDEM VAGA NA SEMI DA COPA

Redação - 10/12/2022 13:00 - Atualizado 10/12/2022

Inglaterra e França nunca se enfrentaram em um mata-mata de Eurocopa ou Copa do Mundo — a primeira vez será neste sábado, às 16h (horário de Brasília), por uma vaga na semifinal do Mundial do Catar.

O ineditismo de um confronto entre duas seleções tidas como grandes favoritas ao título neste ano é sintoma da evolução recente de ingleses e franceses, que atingiram uma nova prateleira na hierarquia do futebol ao reverem conceitos e receitas prontas. O “clássico do quase”, frustrado em diferentes ocasiões pela dificuldade de uma, outra ou ambas as seleções atingirem as expectativas depositadas sobre elas, enfim se tornará realidade.

Com um histórico de campanhas frustrantes até 2018, e sem nunca ter voltado a uma final de Copa desde o título de 1966 em casa, a Inglaterra bateu na trave no último Mundial ao perder a semifinal para a Croácia — o que evitou, por sinal, um encontro com a França na decisão —, mas o técnico Gareth Southgate plantou sementes que foram colhidas nos anos seguintes. Ao trocar a habitual linha de quatro defensores por um sistema com três zagueiros à época, Southgate abriu espaço para jogadores com mais intensidade e versatilidade, capazes de exercer mais de uma função em um mesmo jogo.

Não por coincidência, o período sob o comando de Southgate, iniciado em 2016, acelerou um processo de transformação do futebol jogado pela seleção nas últimas décadas — que se deve, em certa medida, ao contato de jogadores ingleses com diferentes culturas futebolísticas na Premier League, a primeira divisão inglesa, que se firmou nas últimas duas décadas como o principal mercado do mundo. O estilo de jogo rápido e direto, característica do futebol inglês desde os primórdios, passou a dar lugar a sequências mais longas e trabalhadas de passes, com menos pressa para se chegar ao gol adversário, como mostra o gráfico abaixo, da consultoria estatística Opta.

Com mais “afeto” pela bola nos pés, a Inglaterra chegou em 2020 à sua primeira final de Eurocopa na história, e ficou com o vice-campeonato diante da Itália. Foi um desempenho sensivelmente melhor ao fiasco na Euro de 2016, quando a seleção inglesa dirigida por Roy Hodgson fez uma fase de grupos aos trancos e barrancos e caiu nas oitavas de final para a Islândia — o que frustrou outro possível encontro com a França, que disputou as quartas de final contra os islandeses.

Numa seleção que se acostumou a disputar Copas apenas com jogadores que atuam no Reino Unido — raras exceções à regra, como David Beckham nos tempos de Real Madrid (ESP), não ocorriam desde a Copa de 2006 — Bellingham é, aos 19 anos, o único jogador desta Inglaterra que atua fora do país: foi contratado em 2020 pelo Borussia Dortmund (ALE) após se destacar na segunda divisão inglesa. Na seleção, despontou como um jogador confortável em suas tomadas de decisões e incisivo nas incursões de ataque, normalmente combinando com o lateral Luke Shaw e os pontas Sterling ou Foden pelo lado esquerdo.

— Acho que o diferencial (de Bellingham) é a mentalidade, a vontade de aprender e se aperfeiçoar. Ele tem tudo isso — elogiou Southgate após a atuação do volante nas oitavas, contra Senegal.

No caso da França, seu principal nome da atualidade, o atacante Kylian Mbappé, produz um contraste inverso ao de Bellingham. Habituada a ver os craques de suas grandes conquistas atuando em outros países — casos de Platini, capitão no título da Euro de 1984, ou Zidane, líder da conquista da Copa de 1998 —, a seleção francesa tem uma exceção hoje em Mbappé, ídolo do Paris Saint-Germain. No clube da capital francesa, cidade onde nasceu e para a qual voltou em 2017 após se destacar pelo Monaco, Mbappé acostumou-se a jogar sob os holofotes, assumindo responsabilidades desde cedo e sem abdicar do protagonismo mesmo ao lado de medalhões como Neymar e Messi.

Mbappé, campeão com a França em 2018 aos 19 anos, lidera um time que parece nem ter sentido desfalques de outros nomes consagrados, como o atacante Benzema, lesionado. Tornou-se artilheiro da Copa, com cinco gols, ao marcar duas vezes na vitória sobre a Polônia. Representa o apetite ofensivo de uma França que, ao fim das oitavas de final, liderava o número de ações capazes de gerar chutes a gol nesta Copa, com 127, praticamente empatada com o Brasil (133) no quesito, de acordo com dados do site de estatística FBRef.

— Quando você avança rápido, o adversário tem menos tempo de se organizar. Mbappé tem a capacidade de fazer a diferença. No último jogo, ele não esteve no seu melhor (desempenho) e ainda assim foi decisivo — disse o técnico francês Didier Deschamps em entrevista coletiva nesta sexta-feira.

Foto: Montagem com fotos de Paul Ellis e Franck Fife/AFP

Copyright © 2023 Bahia Economica - Todos os direitos reservados.