O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,4% no 3º trimestre, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, divulgou nesta quinta-feira (1) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o quinto trimestre de alta consecutiva da atividade econômica do país.
Em relação ao 2º trimestre, houve uma desaceleração no crescimento.
Com esse resultado, o PIB chega ao maior patamar da série histórica, iniciada em 1996. Além de atingir o maior nível da série, o PIB ficou 4,5% acima do patamar pré-pandemia, registrado no quarto trimestre de 2019. Frente ao mesmo trimestre de 2021, o PIB cresceu 3,6%. No acumulado nos quatro trimestres, terminados em setembro, a atividade econômica cresceu 3% frente aos quatro trimestres imediatamente anteriores. O acumulado do ano foi de 3,2% frente ao mesmo período de 2021.
De acordo com a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, com o resultado do 3º trimestre, o patamar da economia brasileira superou em 1,4% o pico, que até então havia sido registrado no 1º trimestre de 2014. Isso significa que a atividade econômica do país atingiu o seu maior nível em 26 anos. Pela ótica da oferta, o destaque ficou com o setor de Serviços, que avançou 1,1%. Já a Indústria cresceu 0,8%, e a Agropecuária recuou 0,9%.
Pelo lado da despesa, a Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos produtivos na economia) subiu 2,8% em relação ao trimestre anterior. O consumo das famílias teve alta de 1%, e as despesas de consumo do governo cresceram 1,3%. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e é o principal indicador usado para medir a evolução da economia .
Revisões
O IBGE revisou o resultado do PIB dos quatro últimos trimestres e constatou que o crescimento da economia brasileira em 2021 foi de 5%, maior que o apurado inicialmente, que apontava alta de 4,6%. Esse avanço se deu na revisão dos dois últimos trimestres do ano – a alta no 3º trimestre foi de 0,4%, e a do 4º trimestre, de 0,9%, acima do apurado anteriormente, respectivamente, de 0,1% e 0,8%.
Já no 2º trimestre de 2022, a alta foi de 1%, menor que a divulgada antes, que apontava avanço de 1,2%. O crescimento no 1º trimestre também foi revisado, de 1,1% para 1,3%. No setor de Serviços, que responde por cerca de 70% da economia, os destaques foram Informação e comunicação (3,6%), com a alta dos serviços de desenvolvimento de software e internet, Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,5%) e Atividades imobiliárias (1,4%). O segmento Outras atividades de serviços (1,4%), que representa cerca de 23% do total de serviços e inclui, por exemplo, alojamento e alimentação, também cresceu.
“As outras atividades de serviços já vêm se recuperando há algum tempo, com a retomada de serviços presenciais que tinham demanda represada durante a pandemia”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. O Comércio foi o único segmento do setor de Serviços que ficou no campo negativo – variou -0,1% no terceiro trimestre. “Esse é um cenário que já vínhamos observando na Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE. O resultado reflete a realocação do consumo das famílias dos bens para os serviços”, diz Rebeca.
Agropecuária foi único setor que caiu
Após três trimestres com taxas positivas, a Agropecuária recuou 0,9%. De acordo com a coordenadora, o desempenho negativo veio das culturas que têm safra relevante no trimestre e tiveram queda de produção, como a cana-de-açúcar e a mandioca. “Já no ano, o desempenho do setor é ligado aos resultados da soja, nossa principal cultura, que teve a sua produção afetada por problemas climáticos”, diz. No acumulado do ano, o setor agropecuário caiu 1,5%.
Perspectivas
O bom resultado do 3º trimestre e indicadores antecedentes positivos nos últimos meses têm levado a uma revisão para cima das projeções para o crescimento da economia em 2022. Analistas do mercado apontam para um avanço do PIB de 2,81% no ano, enquanto o governo federal estima uma alta de 2,7%.
De acordo com o boletim Focus do Banco Central, a estimativa do mercado é de uma alta de 0,7% no PIB do próximo ano. Já o governo reduziu a previsão de crescimento para 2023: de 2,5% para 2,1%. Segundo o boletim da Secretaria de Política Econômica, a revisão da expectativa aconteceu por conta da alta de juros no cenário externo, sobretudo nos Estados Unidos. Na avaliação da pasta, “o aumento na taxa de juros neste país afeta as condições financeiras e o crescimento da atividade no resto do mundo.”