O varejo teve a pior Black Friday da história no on-line neste ano, com queda de 28% nas vendas na sexta-feira sobre 2021. Tudo indica que as vendas no varejo nas lojas presenciais também foi muito ruim.
A partir da semana que vem, as estratégias comerciais no comércio on line e presencial se voltam para os próximos 20 dias, para tentar retomar crescimento e buscar melhores margens nas ações de Natal.
Há o efeito da recente deterioração do poder de compra, mas também do baixo nível de confiança na economia em 2023. O recuo na sexta, data principal do evento, equivale a R$ 1,2 bilhão a menos em vendas do que o ano anterior, segundo monitoramento fechado no sábado pela Confi Neotrust, empresa de dados com foco no digital.
Além do ambiente econômico difícil no ano, há o risco de um início de 2023 ainda com alto grau de incerteza política e sem melhora na renda no curto prazo, após a troca de governo, levando o consumidor a segurar os gastos, dizem especialistas.
É a primeira vez, em 12 anos de evento, em que há uma retração nas vendas, o que causou surpresa em associações e consultores em grupos privados de mensagens, após o recebimento do relatório. Todas as regiões do país tiveram queda. Consultores e entidades estimavam alta nominal de 3% a 9%.
Houve impacto do encarecimento dos produtos após aumentos de preços seguidos de bens duráveis, e da escalada da taxa Selic, reduzindo a capacidade de compra. Desde a última Black, a Selic quase dobrou e as taxas de juros no carnê do comércio variam hoje de 8% a 15% ao mês, calculou o Valor em sites de líderes do varejo.
“Tivemos o jogo do Brasil na quinta-feira, o que gerou dispersão. Mas houve outros efeitos. Apesar das expectativas, o próprio comércio optou pela racionalidade e não criou ofertas e ações de mídia tão fortes. E ainda antecipou promoções para outubro e primeiras semanas de novembro, espalhando a venda. É o caso de pensar se está valendo mesmo diluir tanto a Black no mês”, disse. O relatório considera a venda de uma cesta geral de produtos, como alimentos, moda e eletrônicos, vendidos por clientes das empresas de dados.