Se é para sair, tem de ser com máscara. A baiana Sindelia Viana não abriu mão do acessório de proteção durante toda a pandemia. “Em nenhum momento parei de usar, sempre fiz questão de ter a máscara no rosto.
Nunca saí sem”, conta a aposentada, que usa o item pela própria segurança e também pela mãe de 100 anos que mora com ela.
O cuidado de Sindelia, de acordo com médicos infectologistas e pesquisadores da covid-19, precisa ser uma prática generalizada no estado. Isso porque, em 20 dias do mês de novembro, a Bahia registrou mais casos (6.241) do que em todo mês de outubro (5.927). O novo cenário de crescimento do coronavírus, a partir de novas subvariantes, deve se manter e preocupa os especialistas.
Em Salvador, anteontem, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) dos Barris registrou 61,59% de testes positivos para o vírus. Dos 289 pacientes avaliados, 178 estavam infectados.Médica infectologista e pesquisadora do Instituto Fiocruz [Fundação Osvaldo Cruz], Fernanda Grassi afirma que não é possível ainda saber qual o volume dessa nova onda ascendente de casos. Porém, alerta que a linhagem da Ômicron – variante do Sars-CoV-2, o vírus original da covid – atualmente em circulação tem ‘escapes’ das vacinas aplicadas nos baianos.
“Estamos, sem dúvidas, em um estado de aceleração da contaminação pelo vírus. Inclusive, com uma nova variante que tem um certo escape das vacinas que utilizamos aqui. A máscara é uma barreira física eficaz para impedir a contaminação. Então, esse é o momento de usar”, afirma a médica, ressaltando que não se sabe o que pode ocorrer no Verão.
O médico e neurocientista Miguel Nicolelis, ex-integrante do Consórcio Nordeste, é mais incisivo. Para ele, além de ter o uso recomendado, as máscaras deveriam ser alvo de decretos que voltem a obriga-las entre a população. “O uso da máscara já deveria ser obrigatório. Novamente, estamos correndo atrás do prejuízo e não prevenindo. Há uma explosão de casos, mesmo com a subnotificação. A nova variante da ômicron é extremamente transmissível e estamos aprendendo o que ela pode fazer”.
(Arisson Marinho/CORREIO)