Em entrevista ao Jornal A Tarde, o vice-reitor da Universidade Federal Bahia, Penildon Silva, criticou os cortes do governo federal no orçamento da Universidade.
Segundo ele nenhum setor sofreu mais do que as Universidades com o atual governo. Segundo matéria as universidades federais de todo o país tiveram corte de 45% na verba destinada ao pagamento de água, energia, bolsas de estudo e prestação de serviços, entre 2019 e 2022. No setor de investimento, voltado a obras, reformas e compra de equipamentos, o corte foi de 50%. Na Bahia, a Ufba perdeu 93 milhões de reais em custeio.
O custeio – verba voltada para despesas administrativas, como pagamento de água, luz, telefone, limpeza, segurança e portaria – foi um dos setores afetados. “Se nós tivéssemos o orçamento de 2016, que era de 167 milhões, de custeio, se fosse corrigido pela inflação seria 227 milhões de reais. Hoje, o orçamento de custeio é de 134 milhões, ou seja, 93 milhões de reais a menos”, explica ele. “Isso fez com que tivéssemos que reduzir nosso contrato de limpeza, tem menos gente para fazer limpeza na Ufba hoje”, completa. O mesmo acontece com os serviços de vigilância, pagamento de bolsas estudantis e despesas administrativas, como lista ele: “Temos dificuldade de fazer pagamento de água, de luz”.
O corte também impactou a verba voltada às demandas de infraestrutura, como construção, manutenção de prédios e compra de materiais. “É tudo aquilo que você faz de investimento: obras públicas, compra de computadores, compra de equipamentos. Tínhamos um orçamento de 36 milhões em 2015. Hoje o orçamento foi de 6 milhões”, explica ele. “Algumas escolas não conseguiram concluir as obras, não foi devido à falta de interesse da universidade em concluí-las, mas devido à falta de recursos”.
“Temos hoje, praticamente sete obras paralisadas e estamos analisando os projetos para poder retornar”, afirma Fábio Velame, superintendente de Meio Ambiente e Infraestrutura da Ufba (Sumai). O superintendente aponta que as obras pendentes incluem o Instituto de Química, Politécnica, o IHAC, a Escola de Música e a Escola de Teatro. Para o Instituto Federal da Bahia (Ifba), que sofreu um bloqueio de cerca de R$ 2,5 milhões, o impacto dos cortes é semelhante. O valor equivale a cerca de 4,6% do orçamento do instituto, gerando incerteza de pagamentos de serviços de limpeza e segurança, assim como em recursos de investimentos na infraestrutura. Em nota oficial, o Ifba apontou que a redução de recursos também afeta a área de pesquisas e representa ameaça aos já insuficientes recursos da assistência estudantil, como alimentação, transporte e internet.
“O corte previsto para 2023 deve novamente afetar o custeio e o capital, que não vai ser suficiente para construir o que é necessário”, afirma o reitor da Ufba, sobre as obras da universidade. “Há uma demanda de manutenção, de reformas”, completa o superintendente da Sumai. “Então, nós temos esses dois grandes problemas, um é a retomada dessas obras paralisadas e a outra é a manutenção dos prédios em funcionamento”, pontua Velame. Em nota, o Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/Ufba) também se manifestou contra os cortes orçamentários previstos para o próximo ano e os impactos a serem gerados, com destaque aos programas de Residências Médicas e Multiprofissionais em todo o país. A queda dos recursos para 2023 é de 60% em comparação ao ano anterior, R$ 922 milhões a menos.