A formação das chapas dos três principais partidos que concorrem ao governo do Estado teve escolhas surpreendentes dado o quadro político existente. Mas cada escolha obedeceu a movimentos políticos importantes, por isso vale a pena analisá-los.
A CHAPA DO PT:
A escolha surpreendente na chapa da coligação liderada pelo PT foi a do próprio candidato a governador Jerônimo Rodrigues. Todos esperavam que Jaques Wagner fosse o candidato e, se assim o fosse, a disputa pelo cargo começaria mais equilibrada, com o senador entrando na campanha com 25% dos votos do eleitorado já garantidos, diferente de Jerônimo, que, desconhecido da população, teve de começar praticamente do zero. Mas porque a escolha foi feita?
A resposta é simples: para impedir que o vice-governador João Leão chegasse ao poder e para satisfazer o governador Rui Costa que desejava ser candidato a senador, mas não encontrou espaço no arranjo político. E isso aconteceu pelo desinteresse de Wagner em disputar uma campanha que seria acirrada e pela certeza no âmbito do PT de que seria temerário dar o cargo de governador do Estado a João Leão, com o partido entregando o poder antes da eleição a alguém não confiável aos petistas, que ainda poderia com a força da máquina ser candidato à reeleição.
A hipótese de Otto Alencar também foi aventada, mas o senador é PHD em política e não aceitou a proposta. Sim, mas porque a escolha de Jerônimo Rodrigues? A resposta é igualmente simples: Para satisfazer o governador Rui Costa que, preterido no seu desejo de disputar a candidatura ao Senado, teria como prêmio de consolação a indicação do nome do candidato, alguém muito próximo a ele.
A CHAPA DO UNIÃO BRASIL:
O União Brasil já tinha seu candidato definido desde o início, com ACM Neto sendo um candidato natural. A escolha surpreendente nesse caso foi, não apenas a do candidato a Senador Cacá Leão, mas também a do candidato a vice, que todos esperavam ser José Ronaldo, ex-prefeito de Feira de Santana por quatro mandatos, ou Marcelo Nilo, o primeiro quadro governista a apoiar Neto e que matraqueava por todos os lados que estaria na chapa majoritária. Mas o nome indicado foi o da empresária Ana Coelho, uma executiva de peso no mercado, mas com pouca ou nenhuma expressão política.
O surpreendente aí foi a certeza de Neto de que vai ganhar a eleição e sua força política para impor um nome, pois comandou pessoalmente a formação de uma chapa que é eleitoralmente mais fraca que a prevista inicialmente. João Leão como senador e José Ronaldo ou Marcelo Nilo como vice teriam muito mais força eleitoral que os escolhidos. Qual então a razão de Neto para escolha tão surpreendente? Tratou-se de uma escolha pessoal e não política: Desde o início o ex-prefeito pretendia formar uma chapa de “jovens” e de pessoas próximas a ele, que não lhe fizessem sombra política e, assim, foi gradualmente construindo sua opção.
Primeiro convencendo o vice-governador João Leão a abandonar a candidatura ao Senado, substituindo-o por seu filho Cacá Leão, colega e amigo de muitos anos. Depois, como desde o início pretendia colocar como vice na sua chapa um quadro próximo, de sua estrita confiança, como fez na Prefeitura de Salvador, foi gradualmente minando as possibilidades políticas daqueles que pleiteavam a vice até que implementou a decisão – o nome não estava decidido, mas o perfil sim –, mesmo à custa de desgaste político.
A CHAPA DO PL:
No caso do PL, partido do candidato João Roma, apoiado por Bolsonaro, a escolha dele e da candidata Raissa Soares era esperada e a escolha não foi exatamente surpreendente, mas a escolha da missionária evangélica Leonidia Umbelina, presidente do Partido da Mulher Brasileira (PMB) de Feira de Santana, surpreendeu, pois esperava-se um nome de maior visibilidade, fosse no âmbito político ou até algum notável na sociedade na sociedade baiana de modo a potencializar as chances de Roma.
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