A possível mudança do carnaval de Salvador envolvendo o tradicional circuito Dodô (Barra/Ondina) e o trecho da orla atlântica entre a Boca do Rio e Patamares, na orla atlântica, tem gerado especulações sobre os rumos da folia. Um projeto que vai detalhar os impactos dessa mudança deverá ser apresentado à gestão pública no próximo mês.
A possível mudança não prevê a extinção do circuito Dodô. O anúncio feito pelo prefeito Bruno Reis, no dia 7 de junho, estabelece que apenas atrações de menor porte fiquem no trecho Barra/Ondina, como já funciona no Fuzuê e Furdunço, festas de pré-carnaval criadas em 2015.
Com essa alteração, as grandes atrações que desfilam nos trios elétricos, seriam redirecionadas para o outro ponto da orla, que vai da Boca do Rio a Patamares. O trecho delimitado pela prefeitura engloba 22 terrenos e será desapropriado para passar por requalificação.
O novo circuito da Boca do Rio terá quatro quilômetros. A situação será decidida após o projeto que envolve a mesa diretora do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar) e técnicos da Saltur. Além disso, também participarão do debate membros de outras áreas, como a Polícia Militar e as secretarias de Saúde e Mobilidade Urbana.
A prefeitura e a Empresa Salvador Turismo (Saltur) afirmam que o circuito Barra/Ondina já não comporta mais a proporção dos festejos de carnaval, e apontam problemas relacionados à infraestrutura da região.
A mudança também divide a opinião de moradores. Representantes da Associação de Moradores e Amigos da Barra (Amabarra) são a favor da mudança do circuito. Para eles, a festa está “sufocando o bairro” e o modelo está “saturado”.
Em contrapartida, outro grupo de moradores que faz parte do grupo SOS Carnaval, junto com empresários da Barra e turistas, é contra a mudança e chegou a distribuir panfletos e coletar assinaturas para um abaixo-assinado.
Segundo o SOS Carnaval, caso a mudança seja aprovada pela prefeitura, o grupo irá acionar Ministério Público e o poder legislativo. Associações de artistas, donos de trio e de camarotes também se posicionam contra o deslocamento das grandes atrações para a Boca do Rio em 2023. Parte dos envolvidos defende que o ano que seja usado como teste antes de uma mudança definitiva.
Os impactos econômicos ainda não foram calculados por todos os empresários, mas pode ser milionário para o setor de hotelaria, imobiliário e comercial da região. A mudança vai afetar diversos setores da economia, como: hotéis e pousadas, estabelecimentos comerciais, mercados, farmácias e até a renda extra de quem aluga apartamentos no período carnavalescos.
Outro impacto citado pelos empresários é o referente à relocação dos trios elétricos, blocos e camarotes, que já têm posicionamento e estrutura definidos e conhecidos pelo público. (G1 Bahia)
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