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DATAFOLHA: LULA LIDERA ENTRE OS NÃO SEGUROS E BOLSONARO ENTRE SUPERSEGUROS

Redação - 08/07/2022 06:49 - Atualizado 08/07/2022

Uma pesquisa do Datafolha, divulgada nesta sexta-feira pela Folha de S. Paulo, mostra que o eleitorado apresenta uma acentuada diferença de preferência na escolha de candidato à Presidência da República de acordo com seu grau de estabilidade financeira e de renda. De acordo com os resultados obtidos pelo levantamento do instituto, as curvas de intenção de voto do ex-presidente Lula (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL) se invertem à medida que esses dois fatores variam.

Lula lidera a pesquisa no geral e amplia sua vantagem ao se considerar apenas os chamados eleitores vulneráveis — que são os de baixa renda e rendimento instável. Bolsonaro,que segue um distante segundo lugar na população em geral, fica na liderança quando se trata de entrevistados considerados superseguros — esses são os mais ricos e com fonte financeira mais garantida.

Os dados da pesquisa foram coletados nos dias 22 e 23 de junho. Foram realizadas 2.556 entrevistas em todo o país. O levantamento mostrou que Lula tem 47% das intenções de voto. Já Bolsonaro aparece com 28%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos em se tratando do universo geral de eleitores e sobe variando nos recortes mais restritos da amostra.

Em relação ao vulneráveis, o candidato petista aparece com um pico de 57%. Nesse cenário, o atual presidente tem apenas 19%. Esse é o mais populoso dos segmentos e a vantagem é o dobro da obtida na população em geral. O desempenho de Bolsonaro dá um salto quando é levado em consideração a categoria dos superseguros. Esses são os entrevistados com renda familiar estável e acima de cinco salários mínimos. Nesse contexto, é mais alta a avaliação positiva do governo federal do que na média da sociedade.

Estabilidade financeira e renda são categorias que fazem parte de um recorte do Datafolha introduzido em sua pesquisa mais recente em relação à disputa presidencial, realizado há duas semanas. Nele, o instituto dividiu os cidadãos em cinco novas subcategorias, levando em conta um cálculo que mistura renda familiar e tipo de ocupação.

De acordo com o Datafolha, os critérios para a divisão foram adotados a partir de análises estatísticas de diferentes características de perfil do eleitor que indicaram variáveis fortemente correlacionadas com intenções de voto. A análise do instituto, a princípio, fez uma separação do eleitorado em três grupos, de acordo com a atividade econômica desenvolvida: economicamente ativo estável (assalariados registrados, funcionários públicos, aposentados e profissionais liberais), ativo instável (free-lancers e desempregado procurando emprego, por exemplo) e não ativo ajustado (seriam estudantes e desempregados que não buscam emprego).

Em seguida, o cruzamento de dados mostrou cinco grupos: vulneráveis, resilientes, seguros, superseguros e amparados. Os vulneráveis são 37% dos eleitores. O grupo é composto por cidadãos de renda instável e que não integram a população economicamente ativa. Estão nele donas de casa e desempregados que não procuram emprego. Os resilientes são 17% do total. Eles são os que têm renda de até dois salários mínimos e têm perfil estável.

Com relação a estabilidade financeira e de renda, Lula perde a liderança. Nesse grupo há mais simpatia pelos dois principais candidatos que se colocam como alternativas à polarização. Bolsonaro tem 42% das intenções de voto. A candidatura do PT fica com 30%. Ciro Gomes (PDT) vai a 12%. Já Simone Tebet aparece com 5%, uma de suas pontuações mais altas entre os diferentes recortes da pesquisa.

A liderança de Lula vista na faixa mais pobre diminui gradualmente até deixar de existir nos dois grupos da sociedade mais privilegiados economicamente. Entre os seguros, o ex-presidente e Bolsonaro estão tecnicamente empatados — a vantagem numérica é do candidato do PL. Ele terá, porém, o desafio de diminuir a taxa de rejeição no grupo mais carente. Nesse segmento, não votariam de modo algum no candidato à reeleição 61% dos entrevistados — a taxa é de 55% na população em geral.

Inversamente, Lula nesse grupo tem rejeição proporcionalmente menor que a registrada no total de entrevistados. Trinta e cinco por cento dizem que não votariam no petista de maneira nenhuma, enquanto o índice é de 24% levando em conta somente essa categoria. Dados mais detalhados da pesquisa mostram que os vulneráveis afirmam ser os mais afetados com a crise econômica. Nessa fatia, 57% afirmam que tiveram a situação financeira piorada — ante 47% no geral da população. Já 40% afirmam que a quantidade de comida em casa é menor do que a suficiente — 26% no universo geral. Nesse cenário, 44% recebem o Auxílio Brasil ou moram com alguém que recebe — 22% no eleitorado total.

Em se tratando de rejeição, Lula também tem um ponto de fragilidade. Entre os superseguros, o índice do candidato do PT é de 59%. Já o de Bolsonaro fica em 51%. O ex-presidente tem a taxa negativa mantida elevada entre os seguros: 47%. No subgrupo de vulneráveis, os candidatos da terceira via têm uma vantagem, em tese: seu baixo grau de conhecimento. Oitenta e seis por cento, por exemplo, dizem não conhecer Simone Tebet — na população em geral são 77%. Uma modesta taxa de conhecimento sugere que o candidato, na teoria, tem potencial de crescimento no eleitorado à medida que aparece no decorrer da campanha, enquanto adversários já conhecidos são imediatamente rejeitados. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número 09088/2022.

Vulneráveis: Renda instável e os não economicamente ativos com até dois salários mínimos por família. Esse grupo é majoritariamente feminino, com mais desempregados que a média, e tem mais participação de eleitores do Nordeste do que a média da população.

Resilientes: Renda instável, com até dois salários mínimos por família, também majoritariamente feminino. Tem mais eleitores com escolaridade fundamental que a média da população.

Amparados: Renda instável. Inclui os não economicamente ativos com mais de dois salários mínimos. O grupo tem mais presença no sudeste e é igualmente dividido entre homens e mulheres.

Seguros: Entre dois e cinco salários mínimos por família, têm renda estável. Homens assalariados registrados e funcionários públicos compõem o grupo.

Superseguros: Renda estável, acima de cinco salários mínimos. Formado principalmente por assalariados registrados, funcionários públicos e aposentados, o grupo é mais masculino, mais velho que a média e mais escolarizado.

Foto: divulgação

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