Tudo está a indicar que essa será uma eleição sem debates, ou com debates sem os principais candidatos, pelo menos no primeiro turno. E isso vale para o Brasil e para a Bahia.
No cenário nacional não faz sentido que Lula e Bolsonaro participem de debates com vários candidatos de baixa pontuação nas pesquisas, o que os transformariam em verdadeiros alvos de todo tipo de ataque. E a ausência de ambos nos debates terá o condão de fortalecer a polarização ao deixar os demais candidatos falando sozinhos. Mesmo a hipótese de um confronto somente entre os dois, que não encontra respaldo na legislação eleitoral, não faria sentido, afinal, porque Lula, que está frente e pode ganhar no primeiro turno, participaria de um debate com Bolsonaro?
Na Bahia, a situação é a mesma. No cenário atual não há hipótese de haver debates no primeiro turno e para que isso aconteça será preciso que Jerônimo Rodrigues ou João Roma superem o patamar de 20% nas pesquisas. Mesmo assim, ACM Neto ainda vai avaliar o interesse em participar de um debate no qual será o alvo da direita e da esquerda.
Sem debates, todo avanço dos candidatos estará relacionado com a campanha na televisão e com a capacidade deles criarem fatos que possam repercutir na imprensa e nas redes sociais. A campanha na televisão adquire assim importância fundamental no processo e tudo indica que será uma disputa pelo patrimônio eleitoral de Lula na Bahia, sem que Lula se manifeste sobre isso.
Ou seja, Jerônimo Rodrigues terá de colar sua imagem em Lula sem ter a manifestação direta de Lula contra seu adversário. Já ACM Neto terá que preservar a figura de Lula e não atacá-lo jamais de modo a deixar o eleitor confortável para votar nele e no ex-presidente. Roma tampouco tem muitas alternativas, pois Bolsonaro não terá problema em colar sua imagem à dele, mas jamais atacará ACM Neto de frente, pois poderá precisar dele no segundo turno.
E assim caminha a eleição na Bahia, sem debates e com os candidatos se equilibrando no fio da navalha entre Lula e Bolsonaro. (EP – 06/06/2022)