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ATRASO NA VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19 NO RIO CUSTOU A VIDA DE 31 MIL PESSOAS, SEGUNDO ESTUDO

Redação - 04/06/2022 08:05

O custo pelo atraso de uma dívida é pago em dinheiro. Mas, quando se trata da Covid-19, o preço é cobrado em vidas. Tempo perdido mata. Um novo estudo revela que, só no Estado do Rio de Janeiro, a demora de um mês do governo federal em começar a distribuir vacinas custou a vida de cerca de 31 mil pessoas, pouco menos que a metade dos quase 74 mil mortos registrados desde o início da pandemia.

— Mais de 31 mil dos mortos pela Covid-19 de 2021 poderiam estar vivos se a vacina tivesse chegado apenas um mês antes. Parte da nossa sociedade banalizou a violência da pandemia, mas esse é um número brutal — afirma Gustavo Libotte, pesquisador bolsista do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e principal autor do estudo. — Não estamos falando de possíveis óbitos, mas de pessoas reais que morreram por má gestão de saúde. Elas poderiam ter sido salvas. A contaminação política e ideológica de saúde mata. A análise matemática dos óbitos, do ritmo de vacinação e da progressão da pandemia deixou isso evidente.

Foram observados os dados de casos confirmados, mortes e vacinação no estado do Rio no período de 10 de março de 2020 a 27 de outubro de 2021. Eles estimaram que, se a vacinação tivesse começado em 20 de dezembro de 2020, em vez de 20 de janeiro de 2021, combinada a esforços para aplicação de doses, 31.657 mortes poderiam ter sido evitadas. A margem de erro é de 3%, para cima ou para baixo.

— O Ministério da Saúde poderia ter comprado e distribuído as doses antes, e as investigações da CPI da Covid deixaram isso claro. A Pfizer, por exemplo, ofereceu ao Brasil, e o governo federal não quis. Isso levou à demora no começo da vacinação, e esse atraso foi pago pela população com a própria vida — acrescenta Libotte.

Roberto Medronho, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e um dos autores do estudo, explica que não apenas o Rio, mas todo o país continua a sofrer com o ritmo lento da vacinação e a pagar em vida e doença o tempo desperdiçado: — É uma combinação de demora, falta de campanhas e celeridade em vacinar com ignorância, ideologia e desinformação contra as vacinas. Houve o fim social da pandemia, mas o coronavírus não foi informado. A maioria dos casos de Covid-19 agora é leve, mas muita gente continua a ser internada. No início do ano, previmos o aumento de casos que vemos em maio. E, como nada mudou, a Covid voltou a subir.

O Rio é representativo do impacto da pandemia: é o estado com a maior taxa bruta de óbitos por 100 mil habitantes (424,95), o segundo em mortes (73.797, até 29/05) e o quinto em número de casos (2.184.238, até 29/05). Segundo o estudo, até 21 de outubro de 2021, 290 dias após o início da vacinação, o Rio de Janeiro foi um dos estados que mais receberam doses: 163.561 doses por 100 mil habitantes, ao passo que a média do Brasil é de 155.727 por 100 mil. Porém, como destacam os pesquisadores, as doses demoraram a chegar e, quando isso ocorreu, foi a ritmo aquém do necessário. O estado vacinou no ritmo médio de 69.200 pessoas por dia.

Foto: Alexandre Cassiano

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