Os homens brasileiros estão endividados e descontentes com a sua posição profissional atual, aponta pesquisa inédita e exclusiva do Instituto Ideia, encomendada pela GQ Brasil. O levantamento “O Que Pensa o Homem Brasileiro” tem dimensão nacional e foi conduzido pelo instituto seguindo a metodologia científica utilizada em pesquisas eleitorais e de mercado. Questionados, 69,7% dos homens entrevistados afirmaram ter dívidas, contra apenas 30,3% que responderam não ter pendências financeiras no horizonte. Os campeões de envidamento são os homens de 25 a 34 anos (75,6%), os moradores do Norte (85,3%), as pessoas das classes D e E (82%) e as pessoas que se declararam de raça preta (88,6%).
O caminho para quitar as dívidas talvez estivesse mais aberto caso os homens brasileiros se encontrassem na posição profissional em que gostariam de estar a essa altura do campeonato. De acordo com o levantamento, 58,5% estão abaixo do que esperavam na hierarquia das suas respectivas profissões. Os jovens são os mais ansiosos pela progressão profissional, com 69% dos questionados entre 18 e 24 anos se considerando abaixo do que gostariam na carreira. O índice não fica abaixo de 50% em nenhum recorte de idade, raça, região nem renda — mesmo os que ganham acima de cinco salários mínimos manifestam esse descontentamento (50,3%).
“Não é à toa, diante dos desprazeres profissionais e financeiros, que 83% sofreram algum tipo de estresse, 74% de ansiedade, 34% de depressão e 26% de pânico”, avalia o economista Maurício Moura, presidente do Ideia e professor da Universidade George Washington. A pesquisa “O Que Pensa o Homem Brasileiro” está na edição de maio da GQ Brasil, que chega às bancas, ao aplicativo Globo+ e à loja virtual a partir desta quarta-feira (11).
Os poupadores
Ao menos uma parte dos homens brasileiros está endividada ao mesmo tempo em que guarda dinheiro, ao menos pelo que afirmam na pesquisa do Instituto Ideia. De acordo com o levantamento, 48% dizer ter dinheiro guardado ou investido, contra 47% que afirmaram não ter reservas e 5% que não responderam.
O brasileiro ainda manifesta intenção de poupar ou de fazer gastos importantes quando questionado o que faz quando sobra dinheiro — respectivamente 41,4% e 36,9%. O panorama aponta que o endividamento não é por gastos fúteis, sendo que apenas 12,8% priorizam “a compra de algo que eu desejo” quando têm um dinheiro a mais no final do mês.
A pesquisa aponta que os homens jovens olham menos para o futuro, no entanto. Se este gasto por desejo é de cerca de 13% na média geral, ele chega a quase 21% entre os entrevistados de 18 a 24 anos. Apenas pouco mais de um terço, ou 35,1%, afirma investir para o futuro.
Dinheiro é motivação
Se pode ser fonte de descontentamento, o dinheiro ainda é um grande motivador para os homens brasileiros, segundo a pesquisa do Instituto Ideia para a GQ Brasil. Questionados sobre o que sentem em relação a dinheiro, os homens se dizem motivados (34,8%) ou focados (24%) quando pensam no assunto. O porcentual dos que dizem satisfeitos é menor, de 16,2%, empatado na margem de erro com os angustiados (15,2%). Os que não sabem são 7,8%, os constrangidos são 1,5% e os que responderam “outros” somam 0,5%.
A pesquisa
A pesquisa foi realizada pelo Instituto Ideia, via aplicativo mobile, entre os dias 5 e 11 de abril de 2022. O levantamento foi feito por amostragem — isto é, uma amostra que reflete o conjunto dos brasileiros, segundo o Censo de 2010 e a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2021. O intervalo de confiança estimado é de 95% e a margem de erro máxima estimada para o total da amostra é de aproximadamente 2.85 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra.
A distribuição dos entrevistados segue as informações do Censo e da PNAD. Do total dos pesquisados, 44% moram no Sudeste, 27% no Nordeste, 14% no Sul, 8% no Norte e 8% no Centro-Oeste. O mesmo critério foi adotado para a distribuição entre as faixas etárias, religião declarada, escolaridade e renda familiar.
Foto: digação