Em sua reunião de março/2022, o Banco Central elevou mais uma vez a taxa básica de juros, levando-a para 11,75% ao ano. O aumento foi em linha com as expectativas do mercado (100 bps). De forma geral, em suas últimas atas, o BC tem deixado claro que seu principal objetivo é levar a inflação ao centro da meta no horizonte relevante (biênio 2022-23), mesmo impactando a atividade econômica. Para a próxima reunião, a autoridade monetária antevê outro ajuste da mesma magnitude (100 bps), o que levaria a taxa Selic a 12,75%.
Na renda fixa, naturalmente os ativos pós-fixados acabam ganhando mais destaque – já que a sua rentabilidade é atrelada a Selic ou ao DI (taxas atualmente bastante próximas). Quanto mais as taxas subirem, melhor para essa modalidade dentro das três possíveis na renda fixa. No caso dos prefixados e indexados à inflação, os impactos são advindos da curva de juros, que é composta pelos juros futuros de diversos vencimentos.
Tais juros futuros são precificados e negociados pelo mercado, ou seja, já existe uma trajetória para a taxa Selic embutida nos preços dos títulos. Caso essa trajetória embutida na curva de juros esteja subavaliada, os juros tendem a subir para refletir o cenário mais próximo da realidade, e a marcação a mercado seria negativa nos preços dos papéis de renda fixa pré e indexados à inflação.
No fechamento antes da divulgação da nova Selic, a curva de juros já precificava esse e outro aumento de 100 bps nos meses de março e maio deste ano. Ao analisarmos o comunicado referente a 245ª reunião do Copom, os ajustes refletidos nos juros futuros estão um pouco acima do que o caminho que o BC quer seguir. Basicamente, isso significa que o mercado está “pedindo” mais juros do que supõe o cenário do Banco Central.
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