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PRISÕES POR FURTO DE ITENS ESSENCIAIS DOBRAM EM SALVADOR

Redação - 17/03/2022 06:56

Na necessidade, o eletricista Fabiano*, 49, roubou oito pacotes de carne de um supermercado na Vasco da Gama, em 2016. O valor total da compra era, na época, de R$ 868. Ele, que é pai de três filhos, se arrepende até hoje do delito, que o levou à prisão. Crimes como esse, conhecidos como famélicos – quando alguém furta algo essencial à sobrevivência – basicamente dobraram em Salvador, nos últimos cinco anos.

De 2017 para 2021, a proporção entre esses tipos de roubo e os furtos comuns saiu de 11,5% para 20,25%. Em 2017, foram 554 furtos, sendo 64 de alimentos, contra um total de 237, no ano passado, sendo 48 de alimentos. Já em 2022, essa proporção está em 16, 21%, considerando os meses de janeiro e fevereiro – 37 furtos, dos quais seis de alimentos. Os dados são de um levantamento da Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA).

Fabiano tem muita dificuldade de falar do assunto, tanto que seus filhos ainda não sabem da situação. Ele relata ter causado muita dor, constrangimento e vergonha à família. “Me arrependo muito e estou pagando o preço por isso. Foi ridículo de minha parte e não é justificável. Já tive várias portas trancadas, batidas na minha cara. Todo mundo erra, mas não farei isso nunca mais, porque alguns erros que a gente comete tem consequências gravíssimas”, desabafa.

No caso da diarista Severina*, 28, o roubo foi de produtos de higiene, em uma unidade das Lojas Americanas, no Shopping da Bahia, em janeiro de 2022, na capital. Sem trabalho, grávida de oito meses, com três outros filhos e em situação de rua, ela via os filhos passarem necessidades e, em um momento de desespero, furtou sabonete, pasta de dente, calcinhas e prestobarba da loja.

Segundo Severina, o furto aconteceu porque uma mulher lhe entregou uma mochila com os itens dentro, prometendo pagar um pequeno valor em dinheiro, a ser usado para comprar alimentos. Porém, ela foi abordada pelo segurança da loja e encaminhada ao Núcleo de Prisão em Flagrante (NPF) da DPE/BA.  Embora o Ministério Público   tenha pedido a prisão preventiva dela, a Defensoria solicitou a liberdade provisória.  O juiz entendeu que não seria razoável mantê-la presa, inclusive “para evitar os efeitos deletérios causados pelo cárcere”.

Foto: Shutterstock

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