Na quinta-feira (10), a Petrobras anunciou um aumento de quase 19% no preço da gasolina cobrado das distribuidoras. E de 25% no valor do litro do diesel. Nos últimos 12 meses, o preço da gasolina subiu 32% no total – reajustes que impactam diretamente o negócio de muitos brasileiros. Veja a reportagem sobre o impacto do aumento do preço dos combustíveis na vida dos brasileiros no vídeo acima.
“Trabalho como mototaxista. Antigamente, a gente gastava R$ 20, R$ 15 de gasolina por dia. Hoje, R$ 40, R$ 50, dependendo do trajeto que a gente for fazer. Dá para pagar, mas apertado. Muito apertado. O preço da corrida continua a mesma coisa, porque se a gente aumentar muito, os passageiros vão deixar de andar”, conta Adriano. Para economizar, a estratégia do Seu Adão, que trabalha com frete, é não ligar o ar condicionado – apesar do calor no Rio de Janeiro. “É um sofrimento, mas se ligar o ar não fica nada para abastecer o carro depois”, diz.
Fabiana Gomes é empresária. Ela e o marido administram um mercadinho em Bento Ribeiro, subúrbio do Rio. “A gente teve um aumento de vários itens do nosso mercado. O cliente reclama e a gente não está vendendo como antigamente. Está difícil de sobreviver”, lamenta. A alta dos combustíveis afeta toda a cadeia produtiva da economia.
“O diesel é o mais sério deles. O Brasil é um país que transfere produtos, alimentos e todo tipo de produtos, sobre rodas, e os caminhões rodam a diesel. Os automóveis, da mesma maneira, têm uma prestação de serviços muito grande que se faz com as pessoas usando os seus veículos. Tudo isso é inflação diretamente na veia”, explica Magda Chambriard, ex-presidente da ANP e pesquisadora da Assessoria Fiscal da Alerj.
Com a guerra na Ucrânia, o preço do barril de petróleo no mundo disparou. Esta semana, atingiu o maior valor em 14 anos: US$ 139,13. A Associação Brasileira dos Importadores de Combustível calcula que, mesmo com os aumentos dessa semana, os preços do diesel e da gasolina no brasil ainda estão 4% abaixo do valor no mercado internacional.
“O Brasil, como todo mundo, vai precisar aprender a conviver com a volatilidade do preço do petróleo e seus derivados em um momento de guerra”, afirma Magda. Os reajustes nos combustíveis já trouxeram cenas marcantes nos últimos dias. Postos cobrando R$ 8 pela gasolina no Rio, o litro custando mais de R$ 10 em alguns locais do Acre, e a fila de brasileiros querendo abastecer mais barato na Argentina.
Na maior cidade do país, profissionais do transporte estão preocupados. “Se for pôr na ponta do lápis, a gente vai precisar trabalhar muito mais do que dez horas por dia para chegar a uma margem de lucro que a gente tinha dois ou três anos atrás”, diz o motorista de aplicativo Edson Fernando Gomes. “Atrapalha a vida financeira. A gente não está tendo controle e trabalhando cada vez mais. Isso está puxado demais para a gente”, afirma a entregadora Cínthia Milena Vieira Quintete.
Outro reajuste da Petrobras foi no valor do gás de cozinha: 16% a mais. O aumento dos preços gerou reações do governo e do Congresso. Já está em vigor uma nova lei complementar que muda o cálculo do ICMS – imposto estadual aplicado sobre os combustíveis. Agora será cobrado o mesmo valor fixo por litro em todos os estados do país. E até o fim desse ano, as alíquotas de PIS e Cofins sobre óleo diesel, biodiesel e gás de cozinha serão zeradas. Na quinta-feira (10), o Senado aprovou também um projeto de lei que cria um fundo para estabilizar a variação dos preços; um auxílio para motoristas autônomos de baixa renda; e que amplia o vale gás. Para começar a valer, o projeto precisa ainda passar por uma votação na Câmara.
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