As chapas que vão concorrer ao governo da Bahia estão sendo definidas e elas determinarão o panorama das eleições em 2022. No lado do governo, há grande mobilização de alguns deputados do PT no sentido de redefinir a chapa proposta com a desistência de Jaques Wagner. A ideia incicial seria colocar o senador Otto Alencar (PSD), como candidato ao governo do Estado e o governador Rui Costa (PT), como candidato ao Senado, com João Leão (PP) assumindo o governo do Estado por nove meses. Mas, segundo alguns deputados, esse arranjo tiraria do PT o cargo de governador.
A chapa Otto/governador e Rui/senador atenderia aos interesses do ex-presidente Lula, mais preocupado com sua reeleição e a formação de uma bancada forte no Senado. Atenderia também ao governador Rui Costa que queria desde o início ser candidato ao Senado; a Leão contemplado com o sonho de ser governador e ter postos no novo governo; e a Otto que vai lutar com unhas e dentes para encerrar sua carreira como governador da Bahia.
Algumas correntes do PT não aceitam perder a cabeça da chapa e ainda tentam emplacar um nome para concorrer ao governo do Estado. O problema é que esse nome não foi preparado e quadros como Moema Gramacho ou Jerônimo Rodrigues não têm densidade nem política nem eleitoral para a disputa pelo governo da Bahia. No campo do governo, ou Wagner volta para a disputa ou chapa com Otto e Rui é a melhor alternativa mas, nesse caso, a militância teria de estar fechada para não haver fogo amigo.
A chapa de ACM Neto não está montada e o ex-prefeito tem um imbróglio pela frente: quatro candidatos para duas vagas. São eles: o ex-prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo; o presidente do PDT, Félix Mendonça; o prefeito de Mata de São João, João Gualberto e o deputado Marcelo Nilo.
Vai ser uma disputa e tanto, pois todos os candidatos têm cacife político, mas é preciso dizer que dos quatro, só José Ronaldo tem densidade eleitoral, ou seja votos. Neto terá de dançar em chapa quente, até porque o ex-prefeito de Feira de Santana já flerta com Bolsonaro desde a eleição passada e, se for preterido, pode até buscar a terceira chapa que parece estar se formando.
Há ainda a terceira chapa em formação, aquela que daria palanque a campanha de Jair Bolsonaro, e que teria João Roma como candidato ao governo e Raissa Soares como candidata ao Senado. Essa chapa aposta tudo na polarização entre Lula e Bolsonaro e está aberta a uma composição maior, esperando as defecções nas chapas adversárias ou até uma pouco provável composição com o ex-prefeito ACM Neto.
Dito isso, como ficaria a disputa com o cenário de hoje? Bom, o nome de ACM Neto está bem posicionado no quadro eleitoral e até entre eleitores que votam em Lula, mas ele terá de enfrentar exatamente o ex-presidente, que deve entrar de cabeça na campanha estadual, pois precisa dos votos do 4º maior colégio eleitoral do país. Por outro lado, se Roma permanecer na disputa, deve tirar votos de ACM Neto e se ela polarizar ao extremo pode afunilar a luta pelo governo da Bahia entre o candidato de Lula e o candidato de Bolsonaro. Caso o PT aposte em Wagner para o governo ou em Otto com apoio de Lula e um Rui Costa bem avaliado candidatando-se ao Senado estará garantida a vaga no segundo turno. Mas há quem duvide da força de Lula para puxar um candidato sem expressão política, colocado de repente na disputa. Nesse caso, melhor seria Wagner voltar para o sacrifício.
Em resumo: em se tratando da disputa para o governo da Bahia em 2022, ninguém sabe o que será. (EP – 07/03/2022)