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PREJUÍZO PARA ECONOMIA DE SALVADOR PELA NÃO REALIZAÇÃO DO CARNAVAL PODE CHEGAR A DOIS BILHÕES

Redação - 25/02/2022 07:00 - Atualizado 25/02/2022

Segundo dados divulgados pelo presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA), Gustavo Pessoti, o cancelamento pelo segundo ano consecutivo do Carnaval deixará  de movimentar cerca de R$ 2 bilhões de reais na economia de Salvador, impactando  diretamente milhares de trabalhadores e empresas cuja receita está atrelada à festa tradicional.

O cálculo utiliza como base uma estimativa feita pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). Em 2021, o SEI estimou que 1 milhão e 200 mil pessoas deixariam de visitar a capital baiana, o que representaria uma perda de R$ 1,8 bilhão em movimentação financeira. Os dados sobre o Carnaval mais recentes da Secretaria Municipal de Cultura Turismo de Salvador (Secult), estimam o mesmo valor para a movimentação econômica gerada pela festa em 2020. Além da geração de 1,9 mil empregos. “É um contingente significativo que deixa de alimentar toda uma cadeia produtiva, desde artistas até todas as pessoas envolvidas na produção, sem falar da cadeia econômica que está atrelada. A Confederação do Comércio estima que mais de 35 setores econômicos são atingidos pela movimentação turística”, diz Isaac Edington, presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur).

Apesar da perda de dinheiro em circulação, a Prefeitura de Salvador afirma que a não realização do Carnaval não gerará impactos significativos na receita do Imposto Sobre Serviço (ISS) em 2022. “A Prefeitura já contabiliza R$ 3.195.311,73 de receita do ISS para o setor de eventos, turismo e hospedagem. No mesmo período em 2021, a receita foi de R$ 2.408.021,79”, disse em nota. A gestão ressalta que o cancelamento da festa devido à pandemia gera impactos econômicos para o setor cultural, bem como para outros subsegmentos indiretamente afetados com a festa.

O secretário de Turismo da Bahia, Maurício Bacellar, reconhece que a perda de arrecadação do Carnaval é significativa para o estado, mas defende que as 13 zonas turísticas da Bahia têm atraído viajantes do país e do exterior. “Eu entendo que não vamos ter neste período o folião, vamos ter outro tipo de turista. A economia perde por um lado, mas essa perda será amenizada pela vinda de pessoas atrás de outros atrativos”. Segundo ele, a movimentação no Aeroporto da capital é semelhante à da época do Carnaval.

O economista Gustavo Pessoti explica que a situação econômica do país e não somente a pandemia da covid-19, é empecilho para que os turistas frequentem Salvador. “O turismo é mais incentivado quando a economia vai bem, quando a empregabilidade das pessoas é mais estável e quando a situação do crédito possibilita mais parcelamentos. Nesse momento temos desvantagens e a tendência deste ano é uma taxa negativa para o país, de 0,5%”, afirma.

Sem dúvidas, o setor de eventos é um dos mais afetados pelas condições econômicas atuais, incluindo o cancelamento do Carnaval de Salvador. Moacyr Villas Boas é presidente da Associação Baiana dos Produtores de Eventos (Abape) e, apesar de concordar com as condições sanitárias impostas pela pandemia, defende que faltam políticas públicas para a categoria.

“Temos plena consciência de que não é possível fazer o Carnaval como todos conhecem nas condições atuais. A nossa queixa é a falta de políticas públicas permanente de todos os governos, em especial o estadual, e de uma ajuda perene até que as coisas se normalizem”, afirma.  Moacyr lembra que muitas pessoas e setores são beneficiados mesmo que indiretamente pela festa: “A partir do momento em que é feito um evento que traz pessoas para a cidade, toda a economia se movimenta, são dois milhões de pessoas na rua por dia. Falo das companhias aéreas, hotéis, restaurantes, bares, motoristas, trabalhadores informais”.

Hotéis

O  período de Carnaval representa em torno de 11% do faturamento anual dos hotéis, segundo Luciano Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (Abih-BA). Segundo ele, nos dois anos sem a realização da festa, o setor deixou de arrecadar cerca de R$ 180 milhões.  “Durante o Carnaval, existe uma mídia espontânea muito grande e isso se repercute no ano inteiro. Existe muita gente que não vem na festa, mas acaba conhecendo Salvador pela televisão por causa do Carnaval”, diz Luciano Lopes.

Se não estivéssemos em pandemia, era muito provável que a ocupação hoteleira da cidade estivesse se encaminhando para 100% na capital baiana. “Mas começa a haver um sinal de recuperação. Se comparar fevereiro deste ano com o do ano passado, temos uma diferença de quase 10 pontos percentuais. Em 2021, terminamos o mês com 42% e agora, até o momento, está em torno de 52%”.

A expectativa, no entanto, é que essa média cresça nos próximos dias e no final de semana, podendo chegar a 70% de ocupação em alguns hotéis. Segundo Luciano Lopes, ainda será preciso mais dois anos para que o setor se recupere completamente após as perdas durante a pandemia.

Imóveis

A área de imóveis também sofre com o cancelamento da festa. São cerca de 500 localizados próximos ao circuito que deixam de ser alugados por uma média de R$ 6 mil, segundo o diretor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da Bahia (Creci-BA), José Alberto Vasconcellos. A perda é entorno de R$ 3 milhões. “Quem está sentido mais o prejuízo é aquela pessoa que possui o imóvel só para alugar por temporada. Aquele cara que por ter um imóvel muito bem localizado alugava por uma questão de conveniência, não chegou a anunciar porque sabe que a incerteza de ter ou não o Carnaval vem rolando há um bom tempo”, explica José Alberto.

As informações são do Jornal Correio

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