O Ministro da Cidadania, João Roma, está imerso até o pescoço num dilema: ser ou não ser candidato a governador. Se decidir sair candidato, Roma vai agradar Bolsonaro, que, finalmente, terá um palanque na Bahia, mas colocará em risco seu futuro político numa eleição com poucas possibilidades de êxito. Roma sabe que a maioria do eleitorado baiano tem nítida preferência pelo ex-presidente Lula e que a maioria dos eleitores que preferem Bolsonaro vão optar pela candidatura do ex-prefeito ACM Neto.
Por mais que federalize a disputa, Roma dificilmente se tornará uma alternativa, espremido por Neto, que tem quase 50% das intenções de votos e por Jaques Wagner, que tem Lula como cabo eleitoral. E para completar, o ministro não tem um partido forte, não sabe sequer se permanecerá no seu partido atual e não terá tempo na televisão. É uma empreitada que trará poucos lucros a Roma que, embora se torne mais conhecido na Bahia, ficará sem mandato, na expectativa de que Bolsonaro ganhe a eleição para assim lhe presentear com algum cargo.
É verdade que, havendo segundo turno, e, se obtiver uma pontuação expressiva, poderá negociar um apoio à ACM Neto com direito a alguma barganha política, mas, ainda assim, estará em posição fragilizada, até porque suas relações com o ex-prefeito não são boas e na campanha se tornarão piores. Se assumir a candidatura ao governo do Estado, João Roma só terá como vitória garantida a eleição de sua esposa Roberta Roma para o Congresso Nacional, já que como candidato puxaria votos para ela.
Se, pelo contrário, decidir não sair candidato e ficar no Ministério da Cidadania, Roma será mais cortejado pelos políticos, mas apenas momentaneamente, servindo muito mais ao partido e a Bolsonaro do que a si próprio. E, mais uma vez, seu destino vai depender de uma vitória do presidente, para assim lhe garantir um cargo, ou, caso haja segundo turno, de uma negociação com ACM Neto. Também nesta hipótese, a única vitória garantida de Roma seria a eleição de sua esposa Roberta Roma para o Congresso Nacional, já que como Ministro da Cidadania puxaria votos para ela.
Naturalmente, a política é ampla em negociações e muitos acordos partidários podem ser montados para assim João Roma se posicionar melhor no cenário eleitoral. Mas, no atual cenário suas expectativas são pequenas e seu melhor trunfo será a eleição de sua esposa, Roberta Roma para o Congresso Nacional.
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