Gêmeos. Isso mesmo. Dois meninos, em plena pandemia. O gerente Tim Residencial na Bahia, Erico Falcão, se tornou pai pela segunda vez e teve que dar conta, ao mesmo tempo, de Heitor, Enrique e mais o pequeno Arthur, 5 anos, irmão mais velho dos gêmeos. “Descobrimos a gravidez no início do home office e da quarentena e um sentimento de apreensão tomou conta da gente”.
Nove meses depois, os meninos nasceram e Érico ficou afastado da empresa por vinte dias. “Marcou muito minha memória afetiva a chance de viver cada momento, desde a primeira fralda ao cair do umbigo. Foi uma oportunidade ímpar ter 20 dias para apoiar minha esposa em todas as atividades com os gêmeos e com Arthur sem me preocupar com a rotina profissional que estava intensa com o home office”, afirma.
Hoje, Heitor e Enrique estão com 1 ano e 2 meses. O gerente conta que a rotina é quase o trabalho de uma linha de produção: os gêmeos acordam às 5h e ele e a esposa Daiane, se dividem nos cuidados com os três meninos. Erico deixa as crianças na creche e a mãe busca às 18h, quando sai do trabalho.“Nós nos apoiamos simultaneamente nos cuidados de banho, alimentação e colocá-los para dormir. E hoje revejo, vídeos, fotos e me sinto orgulhoso de ter vivido cada momento. A empresa, com certeza, ganha um profissional mais engajado com o seu trabalho, que valoriza mais a instituição que faz parte. E isso é intangível”.
Atualmente, a legislação prevê apenas cinco dias corridos de licença-paternidade remunerada. O prazo pode até ser ampliado para 20 dias, caso a organização faça parte do Programa Empresa Cidadã. No caso da licença maternidade, o afastamento é de quatro meses ou seis meses, se o lugar onde a mãe trabalha também fez adesão a iniciativa. No entanto, nada impede que a empresa conceda um período ainda maior por negociação em acordo, convenção coletiva ou como política interna.
Fato é que o home office na pandemia aproximou muito mais os pais do contato diário com a casa, a rotina dos filhos e da família. Por outro lado, mães sobrecarregadas e maternidade real são debates cada vez constantes e reforçam o discurso de que pai não é apenas rede de apoio. Mas como a licença estendida acaba contribuindo para essa mudança não só de pensamento, mas de comportamento e, em simultâneo, engajando profissionais e retendo talentos?
Uma análise estatística entre as companhias que estão mais bem classificadas no Ranking Nacional (150 Melhores Empresas para Trabalhar) do Great Place to Work Brasil, em conjunto com os dados das pesquisas, identificaram que naquelas que dão licença-paternidade estendida, a chance de performarem entre as melhores aumenta em 17% para cada dia a mais de licença.
“Quando os pais participam do cuidado e da vida familiar de maneira mais igualitária, os benefícios são sentidos por eles próprios, pelas mães e pelos filhos. Acreditamos que reforçar que o papel de acolher, cuidar e se envolver em tarefas do dia a dia que deve ser também dos pais, contribui para essa mudança de comportamento, mas também reforça muito para a criação e manutenção do vínculo”, destaca a diretora de RH People & Work do GPTW, Lilian Bonfim.
A consultoria acaba de implementar a ampliação da licença-paternidade para seis meses. Isto quer dizer que, a partir de agora, os novos pais que trabalham na empresa terão direito de ficar em casa por esse período, sem desconto no salário ou trabalho remoto. O benefício vale para casais homoafetivos e casos de adoção. Além disso, o GPTW conta com a licença-PETernidade, que dá dois dias ao colaborador na adoção de cão ou gato.
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