Após descobrir uma gravidez, uma das principais expectativas é saber o sexo do bebê. Mas você sabia que a probabilidade da ‘cegonha’ enviar um bebê do sexo masculino é maior? Só na Bahia, em todos os últimos 18 anos, foram registrados mais nascimentos de meninos do que meninas, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano de 2004, que teve a maior diferença, os 117 mil nascimentos de meninos foram quase 6% maior do que os 110,5 mil nascimentos de meninas.
A Associação dos Registradores Civis das Pessoas Naturais do Estado da Bahia (Arpen-BA) registra fenômeno semelhante. Para o instituto, em todos os últimos cinco anos, mês a mês, também foram registrados mais nascimentos de bebês do sexo masculino do que feminino. Em março de 2017 houve a maior diferença: nasceram 9.606 meninos, 710 a mais do que as 8.896 meninas. Neste ano, a quantidade de crianças que nasciam no estado estava crescendo, tendência que foi revertida a partir de 2019. A diferença entre a quantidade de nascimentos de meninos e meninas também caiu a partir de 2017, mas o sexo masculino continuou na frente. Mesmo sem ainda ter terminado o ano de 2021, já é possível afirmar que será mais um período de mais nascimento de meninos.
Esse fenômeno é refletido nos dados da capital baiana. Assim como no estado, Salvador não teve um ano sequer de mais nascimento de meninas, segundo o IBGE. O ano que houve a maior diferença foi 2003, quando os 20 mil nascimentos de meninos chegaram a ser 8% a mais do que as 18,5 mil meninas registradas. Tanto a quantidade de nascimentos como a diferença entre os dados foi sendo reduzida com o passar dos anos. A Arpen também registra mais nascimentos de meninos do que meninas em Salvador. No entanto, alguns meses pontuais já tiveram mais nascimentos de meninas. Entre setembro e dezembro de 2019, por exemplo, nasceram mais bebês do sexo feminino durante os quatro meses seguidos. Em janeiro de 2020, a tendência voltou a pesar para o lado masculino.
Mas afinal, o que explica esse fenômeno?
De acordo com a médica obstetra Gabriela Romeo, não há uma explicação concreta que justifique esse fenômeno, mas ela diz que alguns estudiosos falam em um “equilíbrio natural”. “Por os homens morrerem mais cedo e mais do que as mulheres, é como se houvesse uma compensação. Por isso que a população na pirâmide etária costuma se igualar na idade jovem até que as mulheres se tornam maioria”, explica. De fato, o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a população masculina é maior do que a feminina na faixa etária de 0 a 19 anos. A partir dos 20 anos, a quantidade de mulheres na Bahia é maior e a diferença entre as duas populações só cresce. Na faixa das pessoas com mais de 100 anos, por exemplo, a quantidade de mulheres chega a ser maior do que o dobro da de homens. Eram 2.442 idosas centenárias frente aos 1.136 idosos com mais de 100 anos na Bahia, em 2010. Essa mortalidade maior dos homens está associada com a sua expectativa de vida, que é menor do que a das mulheres, por alguns fatores apontados pelos cientistas, como hábitos de vida não saudáveis e exposição a situação de risco ou violência fatal. (EP – 03/01/2022)
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