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CHUVAS FAZEM 11 MUNICÍPIOS DECRETAREM EMERGÊNCIA

Redação - 30/11/2021 08:15 - Atualizado 30/11/2021

A Bahia chega a 11 municípios em situação de emergência devido às fortes chuvas que caem desde o início deste mês. Além das cidades de Amélia Rodrigues, Ibicoara, Itaberaba, Mucugê, Mutuípe, Teolândia, Jaguaquara, Ruy Barbosa e Maragogipe, os municípios de Eunápolis e Itacaré também decretaram emergência depois das fortes chuvas do final de semana. De acordo com a Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec), Anagé e Santanópolis também vão entrar na lista.

Em Itacaré, no sul do estado, a chuva deixou 90 pessoas desabrigadas. O município decretou estado de emergência depois do acidente ocorrido na madrugada de domingo (28), quando três casas foram inundadas e ao menos sete pessoas ficaram feridas após o muro de um condomínio de luxo desabar, liberando água e lama pelas ruas. A prefeitura prestou atendimento aos moradores, limpou as ruas e ofereceu espaços nas escolas como abrigo. Em Itaberaba, município mais afetado pela chuva, segundo a Sudec, a cabeleireira Ana Carla de Oliveira, 33 anos, precisou colocar seu bebê de oito meses no ombro e sua cachorra em cima de uma sapateira quando a água invadiu a sua casa.

“Estávamos dormindo e acordamos já com a chuva, algumas goteiras. Logo começou a entrar água por tudo que era lugar, ficamos com a água na cintura. Todos os móveis boiaram na água. Começamos a gritar socorro e o vizinho também não podia vir porque a rua estava muito cheia. Nós ligamos para os bombeiros e eles disseram que já estavam em ocorrência, mas a água não parava de subir e não tínhamos como sair de dentro de casa. Logo parou de chover e a água desceu mais um pouco, daí veio um vizinho e tirou o bebê e minha filha”, relatou.

No momento do acidente, por volta das 23h do sábado (27), Ana, que mora no bairro Derba, estava em casa com uma bebê, uma criança de 13 anos, seu marido e uma cachorra de estimação. Todos foram salvos, mas com ajuda dos vizinhos. Os bombeiros não atenderam ao chamado, e a polícia chegou ao local duas horas após o acidente. A cabeleireira perdeu todos os móveis e está morando de favor com sua família na casa de uma amiga. Uma assistente social da prefeitura já entrou em contato com ela para tentar beneficiá-la com um auxílio-aluguel de R$ 200.

A Polícia Rodoviária Federal solicitou, no domingo (28), à Defesa Civil de Itaberaba um parecer sobre as condições do trecho da BR-242 que fica na entrada da cidade e margeia a represa do Riacho do Feijão. A preocupação do órgão é com o possível afundamento da rodovia e a queda de dois postes de energia que estão visivelmente pendentes – o risco de queda foi validado pelos técnicos da Coelba que estiveram no local. Foram detectadas erosões nas margens da rodovia, principalmente no acostamento à beira da ponte do Riacho. O grande volume de água, apesar do sangradouro, está atingindo a base da rodovia, o que pode comprometer a estrutura da pista.

“Os inspetores da PRF sinalizaram o local para evitar que os motoristas transitem muito próximo ao acostamento e encaminharam as informações apuradas ao Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). O órgão deve observar o volume das águas para decidir se haverá interdição dessa via”, informou a prefeitura de Itaberaba em nota. Foi registrado um volume de 130 milímetros de água somente em duas horas – no município, a estimativa é de 600 milímetros por ano, portanto, o volume de sábado foi o equivalente a 2 meses e 10 dias.

A Secretaria de Assistência Social  de Itaberaba informou que 46 pessoas estão desalojadas e receberam abrigo na casa de amigos, parentes e em pousadas disponibilizadas pela prefeitura. Hoje são 135 pessoas afetadas pelas chuvas e que recebem algum tipo de assistência do município. A Secretaria de Infraestrutura da cidade identificou graves erosões em vias, crateras em ruas e dentro das residências. Uma equipe foi destinada a fazer o conserto da laje que caiu no bairro Barro Vermelho, incidente que resultou em duas vítimas fatais. Até agora, apurações iniciais indicam que o grande volume de água deslocou as tampas da laje causando o acidente.

A Sudec está com uma equipe em Itaberaba e duas equipes estão em deslocamento para Eunápolis, Itacaré e Anagé. O superintendente da Defesa Civil da Bahia (Sudec), coronel Miguel Filho, já está em Itaberaba prestando assistência ao município, realizando vistorias técnicas e prestando orientações aos municípios. Em Anagé, a prefeitura confirmou que não houve nenhuma vítima fatal e que a assistência social trabalha para a identificação de possíveis famílias – principalmente nas zonas rurais, que corresponde a mais de 80% do município – que estejam desabrigadas, sendo que uma família da zona rural foi identificada e segue acompanhada, recebendo apoio de familiares.

A moradora de Anagé, Maria das Dores, 47, conta que a água da chuva tomou conta das ruas da cidade muito rápido e que uma boa parte do seu telhado foi destruído. Ela conta que não teve muito prejuízo, mas que vários vizinhos perderam quase todos os móveis e tiveram suas casas destruídas. Hoje (29), a Defesa Civil trabalhou durante todo o dia para listar todos os prejuízos. Após a averiguação, a equipe irá elaborar um relatório para verificar as principais ações dos próximos dias, tanto de manutenção quanto contenção na cidade de Anagé.

Em Ruy Barbosa, o secretário da Agricultura e Meio Ambiente, Artur Francelino, explica que a cidade também sofreu muitos danos materiais e registrou um óbito por causa das fortes chuvas na região. “Houve uma estimativa nossa aqui de quase 11 milhões a serem gastos na parte de infraestrutura urbana, pontes, parte pluvial, esgoto, pavimentação, residências, comércio e órgãos públicos. Decretamos estado de emergência, foi homologado pelo estado e estamos aguardando o reconhecimento federal. Nesses dias, as chuvas continuam e só estamos fazendo paliativos, já que teremos que fazer uma reconstrução em alguns locais”, afirmou.

Além disso, a prefeitura de Ruy Barbosa também fará um estudo sobre o canal que corta a cidade e sobre construções irregulares. Para abrigar as pessoas que tiveram suas casas destruídas, o município alugou uma pousada e hospedou 43 pessoas. Cerca de 100 pessoas ficaram desabrigadas, mas, desse total, mais da metade buscou abrigo na casa de amigos e parentes.  O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alertou que no sul baiano há previsão de chuvas fortes, podendo chegar a 50 e 100 milímetros de precipitação por dia, com ventos de até 60 km/h.

Foto: divulgação

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