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A ELEIÇÃO DE RESULTADOS OU NÃO SUBSTIMEM JOÃO DORIA

Redação - 29/11/2021 09:36

A eleição para Presidência da República em 2022 vai ser uma eleição de resultados. Engana-se quem imagina que será a polarização entre direita e esquerda o fator que definirá a eleição. Tampouco acerta quem imagina que um novo outsider, como Bolsonaro em 2018, será capaz de encantar a população, pois nesses casos é fundamental um catalisador que dê liga a um nome específico.

O outsider surge como símbolo de uma ideia força disseminada, como ocorreu com Collor, que encarnou o Caçador de Marajás, ou com Bolsonaro, que tornou-se o símbolo do antipetismo e do combate à corrupção. Hoje já não existe mais essa ideia força e a polarização entre Lula, Bolsonaro vai estar restrita aos radicais bolsonaristas e petistas. A maioria silenciosa que é quem decide as eleições cansou-se dessa polarização e, encurralada pela inflação e pelo desemprego, quer uma eleição de resultados e deseja um candidato que mostre o que fez e o que pode fazer.

Ora, se esse raciocínio está correto, e tudo indica que está, a eleição para presidente terá desfecho diferente do que apontam os institutos de pesquisa, pois Bolsonaro nada tem a mostrar e ninguém acredita em suas propostas, afinal ele é o responsável pelo desgoverno que aí está; e Moro tampouco tem a apresentar a não ser uma idílica postura virtuosa, antipetista e anticorrupção que foi manchada por sua ação parcial como juiz e por sua participação no governo Bolsonaro. Do outro lado, há Luiz Inácio Lula da Silva um candidato com resultados a apresentar já que fez um governo de crescimento econômico, desemprego baixo e melhoria na distribuição de renda e, ainda que seu governo tenha sido manchado por denúncias de corrupção, são os resultados dele que o colocam à frente de todas as pesquisas.

É aqui que entra o governador de São Paulo e uma alerta aos que apostam na polarização entre Lula e Bolsonaro: não subestimem João Doria. O governador de São Paulo tem algumas das características fundamentais para quem deseja ser Presidente da República: é obstinado, sabe quem pode ser aliado e quem é inimigo, tem cacife político e financeiro para enfrentar uma campanha na qual o eleitorado vai querer mais que promessas e boas intenções.

Além disso, governa o mais poderoso estado do país, dono de 22% do eleitorado, e, mesmo após se descompatibilizar, vai ter ao seu lado  Rodrigo Garcia, o atual vice-governador, que vai ser candidato ao governo de São Paulo, buscando a reeleição, e colocando toda a força dessa posição para alavancar a candidatura de João Doria. E, além disso, Doria tem o que apresentar a população como resultados de seu trabalho à frente da prefeitura e do governo do Estado de São Paulo, algo que pode ser potencializado pelos marqueteiros, e, corando isso tudo, tem a seu favor o epíteto de João Vacinador e o fato de ter dado início à vacinação no país, enquanto Bolsonaro colocava todos os tipos de empecilho para viabilizar a imunização generalizada.

Falta na análise três elementos fundamentais. Um deles diz respeito à candidatura de Ciro Gomes, um ex-governador de resultados, que tem muito a apresentar e a propor, mas suas realizações, embora importantes, são restritas a um estado do Nordeste sem a força de São Paulo.  Outro elemento é que Doria precisa necessariamente ter um forte apoio em Minas Gerais e no Nordeste, sem o que dificilmente consolida sua candidatura. E por fim o terceiro elemento que lembra que  a candidatura Moro, que está colocada para avaliar sua capacidade de crescimento, pode ser retirada a qualquer momento já que não dispõe e força partidária ou financeira, e Doria não se cansa de dizer que está de braços abertos para recebê-lo e aí estaria consolidada a terceira via.

Claro, muita água ainda vai rolar nesse rio, mas fica duas constatações. A primeira é que a eleição para presidente será uma eleição de resultados e a segunda é simples e direta: não subestimem João Doria. (EP- 29/11/2021)

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