Quando se pensa em um laboratório, inevitavelmente a gente associa que todos aqueles equipamentos de última geração estão armazenados em uma sala de um prédio. Mas se o espaço destinado à pesquisa e experimentos for flutuante? E se estiver ancorado na Marina de Salvador ? Pois bem. É nas águas da Bahia de Todos-os-Santos, na região do Comércio, que está o navio laboratório Tara, da fundação francesa Tara Océan, uma embarcação destinada à uma expedição internacional para estudar os impactos das mudanças climáticas e da poluição no oceano.
Durante os quatro dias em que a embarcação ficará ancorada em Salvador, serão realizados eventos, oficinas e exposições em diferentes espaços da cidade, entre eles a Marina, onde o público poderá se aprofundar na atividade nada expedição. Durante quase dois anos, o navio laboratório Tara percorrerá 70.000 quilômetros no Atlântico Sul, ao longo das costas da América do Sul e da África, até a Antártida. No Brasil, a expedição já passou pelo rio Amazonas e fez escala em Belém. De Salvador, partirá com destino ao Rio de Janeiro.
Em cada parada, a Fundação Tara, em parceria com a Embaixada da França no Brasil e a rede de Alianças Francesas, prepara exposições, oficinas e conferências em espaços públicos, assim como visitas à escuna que, por enquanto, seguem virtuais devido a limitações impostas pela pandemia. Essas atividades são gratuitas e acontecem com inscrição prévia. Em função da pandemia, as atividades na capital baiana acontecem perto da Marina, no espaço HUB Salvador, com público limitado e orientado a seguir todos os protocolos sanitários. A programação inclui apresentação virtual da embarcação em português, exposição de microrganismos com possibilidade de analisá-los através de microscópios digitais e atividades lúdicas, como jogos, além da exibição de filmes.
Entre as atrações da escala em Salvador estão a exposição “Plástico no mar: as soluções estão em terra”, na Aliança Francesa de Salvador, com ilustrações e infográficos sobre os problemas causados pela poluição plástica e as soluções para limitar seu impacto. Outra exposição discute a vida útil dos produtos feitos de plástico. “Matérias plásticas: vidas selvagens”, organizada pelo IRD, instituto francês de pesquisa para o desenvolvimento, fica em cartaz no Museu Náutico do Farol da Barra até dezembro. Essa exposição, organizada em torno de 20 painéis – em português, francês e inglês – traça a trajetória de produtos plásticos provenientes do Vietnã, desde seus locais de produção e consumo até a acumulação de resíduos nos mares. Essa iniciativa faz parte do projeto FrancEcolab Brasil, que visa fortalecer a responsabilidade ambiental entre jovens brasileiros.
O ponto alto da programação acontecerá no feriado, dia 12 de outubro, com um evento cultural organizado também no Museu Náutico do Farol da Barra: “Nosso Oceano Atlântico” que abordará a ligação oceânica e cultural entre o Brasil e a África. As apresentações fazem uma integração do oceano Atlântico com a cultura afrodescendente de Salvador. O artista plástico Menelaw Sete fará uma homenagem aos pequenos com participação de 30 crianças de um projeto social coordenado por ele. “Vamos realizar um evento que valorize esse oceano comum a África e ao Brasil, um só ecossistema, tão rico e ainda tão pouco conhecido”, promete o carioca André Abreu, que há dez anos integra a Fundação Tara.
Foto: Arisson Marinho