O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, afirmou que, na edição desta segunda-feira de O Globo, que hoje o partido mais perto do presidente se filiar seria o PP. Por outro lado, em entrevista à revista Veja, o presidente Jair Bolsonaro disse que não irá fugir de estar no Progressistas, no PL ou no Republicanos. “Não vou fugir de estar com esses partidos, conversando com eles.” O Progressistas é hoje uma das principais bases do governo, além do ministro da Casa Civil, também são do partido o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PR) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (AL) e o partido controla cargos federais em todas as regiões do país.
E a entrada de Jair Bolsonaro permitiria ao PP ter, pela primeira vez a possibilidade de chegar ao poder diretamente. Em outras palavras: filiar ao partido um presidente da República que é candidato à reeleição e tem cerca de 25% das intenções de votos nas pesquisas, não é um fato corriqueiro. O problema é que assumir Bolsonaro como quadro partidário faria com o PP perdesse a flexibilidade de apoiar governos estaduais de várias siglas e causaria enormes dissensões nos diretórios regionais.
Na Bahia, por exemplo, a entrada de Bolsonaro no PP explodiria a aliança política com o PT e o PSD que tem sido vitoriosa nos últimos 16 anos. Mesmo com toda a capacidade de articulação do vice-governador, João Leão, seria impossível manter uma aliança com o PT, cujo candidato declarado, Luís Inácio Lula da Silva, é o maior adversário de Bolsonaro. Sem essa possibilidade, restaria ao PP da Bahia lançar uma chapa própria, que poderia ter João Leão e o Ministro da Cidadania, João Roma, já que a hipótese de apoiar ACM Neto seria difícil, pois a movimentação do DEM e do PSL se dá no sentido do lançamento de uma candidatura presidencial própria.
Em vários estados existem situações semelhantes e a dificuldade de viabilizar acordos na maioria dos estados da federação será enorme. Na Bahia, por exemplo, João Leão e seu filho, Cacá Leão, importantes quadros da direção do partido vão trabalhar contra a possibilidade do presidente entrar no PP.
É compreensível o desejo de Ciro Nogueira, afinal sua posição no governo é de uma espécie de primeiro-ministro, que ficaria fortalecido trazendo o presidente para seu partido, mas frente aos acordos regionais, a possibilidade de Bolsonaro entrar no PP é um sonho de uma noite de verão.