O prefeito Bruno Reis (DEM) anunciou os protocolos e os métodos que serão adotados pela prefeitura para retomada das aulas presenciais em Salvador que acontece hoje. A partir da data, 100% das escolas municipais terão condições de receber 100% dos alunos. Essa será a primeira vez em que isso acontecerá desde março de 2020, quando as escolas foram fechadas por conta da pandemia. A decisão do retorno se aplica para o ensino infantil e o fundamental, afetando os 150 mil alunos e 8 mil professores das 412 escolas municipais. Entenda como será a mudança.
Pais e estudantes ainda estão divididos. A doceira Vanessa Pereira, 40 anos, tem dois filhos que estudam na rede municipal. As crianças estão frequentando as aulas semipresenciais, com uma semana em sala de aula e uma semana em casa, mas a mãe tem dúvidas se esse é o momento de voltar 100% ao presencial. “Crianças são inquietas e buscam o tempo todo interagir. Acredito que é mais fácil para os professores controlarem metade da turma do que a turma toda. Aqui em casa estamos todos vacinados, mas mesmo assim a gente fica com medo”, disse.
Apesar das iniciativas e dos apelos da prefeitura, a adesão dos estudantes ao ensino semipresencial foi baixa. Segundo o secretário de educação municipal, Marcelo Oliveira, apenas 42% dos alunos estavam comparecendo. A expectativa da secretaria é que esta porcentagem aumente a partir da adoção do novo modelo.
O secretário defende que as escolas são ambientes seguros e apela para que os pais e responsáveis levem seus filhos. “Estamos seguindo os protocolos e todos os profissionais já estão vacinados. Os alunos tiveram um atraso no ensino muito grande, precisamos recuperar isso. E é importante dizer que a escola não é só para transmitir conhecimento, é um espaço de convivência e desenvolvimento psico-social”, diz.
No início de setembro, o Ministério da Educação emitiu uma recomendação para estabelecer o afastamento de 1m entre as mesas dos alunos. Essa recomendação foi validada pelo Ministério da Saúde e, com isso, o prefeito Bruno Reis emitiu um decreto estabelecendo essa nova distância para todos os estabelecimentos de Salvador, incluindo as escolas. Com a redução para 1m, é possível que todos os alunos da turma frequentem a sala de aula ao mesmo tempo, porque essa é a distância padrão entre as mesas estabelecida antes da pandemia.
O novo esquema começa a valer a partir desta segunda (27), já para todas as séries. Com o ensino 100% presencial, todos os alunos vão frequentar as salas de aula de segunda a sexta, em horário regular. Os pais ou responsáveis que ainda não se sentirem seguros para levar os filhos até a escola poderão manter a adoção do ensino 100% remoto.
Nas creches, a quantidade máxima de alunos por sala é de 20. Até o 1º ano, é 25. Até o 3º ano, é 30. A partir do 3º ano, são 35, que é o número máximo estabelecido mesmo antes da pandemia. O secretário de educação, Marcelo Oliveira, reforça que o modelo agora será o totalmente presencial, mas o ensino híbrido continua. Ou seja, os alunos vão para as salas de aula todos os dias da semana, mas continuarão com o apoio do online. Os cadernos de atividade, estudos dirigidos e as aulas pela TV aberta e pelo canal da Seduc no YouTube continuam. O objetivo é oferecer um reforço aos alunos para recuperar o tempo em que eles estiveram sem aulas.
O coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Rui Oliveira, disse que a categoria vai se reunir na segunda-feira (27) para discutir a decisão da prefeitura. Às 9h, acontece uma reunião virtual através dos canais da APLB no YouTube e Facebook para definir o posicionamento dos professores. Segundo o coordenador geral, as aulas presenciais nesta segunda estão mantidas.
Segundo Rui Oliveira, o sindicato defende o distanciamento de 1,5m. “Queremos que o protocolo de biossegurança, que determina afastamento em 1,5 metro, seja respeitado. Para manter esse distanciamento as salas não comportam mais de 20 alunos, então, não vamos permitir mais de 20 alunos por sala. Vamos discutir o retorno presencial e depois solicitar uma audiência com o prefeito”, contou Rui Oliveira.
Segundo o secretário de educação, Marcelo Oliveira, não houve registro de contágio nas escolas. Foram identificados 18 casos nas escolas de toda a Bahia, mas não há evidências de que a contaminação aconteceu no ambiente escolar. “Não há evidência de que a contaminação foi na escola porque as pessoas circulam por outros lugares além das salas de aula. Além disso, não tivemos nenhum caso de contágio cruzado, ou seja, nenhum desses 18 contaminados passou a doença para outra pessoa da escola”, coloca o secretário.
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