A política baiana está em compasso de espera, na expectativa do que vem por aí. Todas as lideranças políticas do Estado estão com um pé atrás e suas declarações refletem apenas a intenção de se posicionar melhor na hora da composição das chapas que vão concorrer ao governo do Estado, e isso só acontecerá no ano que vem. A parcimônia dos líderes políticos têm razão de ser, afinal, não se sabe ainda que desfecho terá o governo Bolsonaro, se haverá ou não um processo de impeachment, e, supondo que o presidente resista, qual será sua força e a viabilidade de ser reeleito. Desejos partidários e desejos pessoais se mesclam entre os principais líderes políticos da Bahia. Senão Vejamos:
- O governador Rui Costa está numa posição bastante favorável em relação ao processo político, uma vez que seu governo é bem avaliado e as pesquisas o colocam como virtual vencedor em uma disputa para o Senado. Mas o governador nada diz sobre seu futuro político e mantém-se em compasso de espera para decidir se irá concorrer ao Senado ou se completará seu mandato. A decisão só será tomada no ano que vem, quando o cenário estiver mais claro. Se então, a candidatura de Lula estiver de vento em popa, tudo indica que Rui permanecerá no governo, sendo ponta-de-lança do ex-presidente na campanha e se cacifando para pleitear um ministério. Se, no entanto, o cenário for outro…
- ACM Neto também está em posição favorável, uma vez que lidera em todas as pesquisas para o governo do Estado e a provável união do seu partido, o DEM, com o PSL, vai fortalecer sua posição. Mas o ex-prefeito também está em compasso de espera, na expectativa do desfecho do governo Bolsonaro e do quadro eleitoral formado a partir daí. A polarização da disputa presidencial entre Lula e Bolsonaro será o pior cenário para Neto, pois, nesse caso, ele terá de aproximar-se – mais ou menos é outra questão – do Presidente ainda que no segundo turno.
- Jaques Wagner é, entre todas as lideranças políticas do Estado, a que se posiciona mais confortavelmente no processo, já que sequer precisa disputar a eleição, pois seu mandato como senador se estende até 2026. Sua candidatura já lançada obedece à necessidade de Lula ter um palanque forte na Bahia e também ao interesse dos wagneristas que consideram fundamental a candidatura para assim consolidar sua liderança no Estado. Mas o ex-governador também está em compasso de espera, já que a manutenção do cenário de polarização, com Lula e Bolsonaro, o beneficia, mas se houver o impeachment ou o presidente chegar muito fraco às eleições, as chances de Wagner se reduzem já que registra nas pesquisas metade das intenções de voto de ACM Neto, seu provável adversário.
- O ministro da Cidadania, João Roma, depende integralmente de um Bolsonaro forte e da polarização para se colocar como candidato a governador. Sem isso, perde completamente a densidade eleitoral.
- O senador Otto Alencar também está confortável no processo e pleiteia a candidatura ao senado na chapa que será encabeçada pelo PT. Mas, a depender do cenário, adoraria ser o cabeça de chapa tendo Rui Costa como candidato ao senado. Otto admite negociações e também está atento ao movimento do seu partido, o PSD, que acena com uma candidatura própria, a do Presidente do Senado Rodrigo Pacheco.
- O vice-governador João Leão também espera o cenário clarear e tem como objetivo chegar ao governo do Estado. Para isso, bastaria a decisão do governador Rui Costa de sair candidato ao Senado, mas assumindo o governo, ele se cacifa para tentar a reeleição e esse cenário só se daria no bojo de uma negociação extremamente difícil com o PT e com o PSD do senador Otto Alencar. Leão tem várias alternativas, inclusive assumir uma candidatura solo, mas tudo indica que sua opção será um acordo com a base eleitoral que há 16 anos vence as eleições na Bahia.
Como se vê , tudo está indefinido e as lideranças políticas do estado estão olhando o céu da política para ver quando o tempo vai clarear. (EP – 13/09/2021)